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VIZINHO
Argentina faz lei fiscal para limitar gastos
CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES
Limitar os gastos públicos e o
endividamento do país e das Províncias agora também é lei na Argentina. Na madrugada da quinta-feira, a Câmara dos Deputados
do país vizinho aprovou o projeto
de responsabilidade fiscal.
Os altos gastos das Províncias
são apontados como uma das
principais razões que levaram o
país ao colapso econômico, que
culminou na moratória da dívida
pública, em dezembro de 2001.
A formalização em lei do controle desses gastos é uma das condições impostas pelo FMI (Fundo
Monetário Internacional) para
manter o atual acordo, que prevê
empréstimo de US$ 13,8 bilhões,
assinado em setembro de 2003.
A principal diferença entre as
regras de responsabilidade fiscal
do Brasil e a aprovada na Argentina é que o país vizinho não responsabiliza pessoalmente na Justiça os dirigentes responsáveis pela falta de cumprimento dos limites de gastos, como prevê a lei brasileira -e como prefere o FMI.
A aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal foi a alternativa
encontrada pelo ministro da Economia, Roberto Lavagna, por não
ter conseguido aprovar uma nova
lei de co-participação (reparte de
impostos) entre o governo federal
e as 23 Províncias argentinas.
A dificuldade do governo é conseqüência da falta de apoio político do presidente Néstor Kirchner
no Partido Justicialista. O presidente trava uma disputa interna
com o ex-presidente e também
justicialista Eduardo Duhalde.
Enviar rapidamente ao Congresso um projeto de lei que pudesse ser aprovado ainda neste semestre foi uma tentativa de salvar
a terceira revisão do acordo com o
fundo, pendente desde junho,
quando os técnicos do FMI deixaram a Argentina, mas não desembolsaram os US$ 728 milhões que
deveriam liberar, se a revisão fosse aprovada.
Apesar da pressa em atender
uma das exigências do Fundo, ontem o organismo internacional
anunciou que só irá avaliar a revisão pendente em setembro, após
o recesso de verão do FMI.
A principal exigência do Fundo,
porém, é que a Argentina renegocie a dívida. O FMI está pressionando para que o governo argentino melhore a oferta de pagamento feita no mês passado, que
prevê desconto de 75% sobre o
valor nominal da dívida (US$ 81
bilhões), mas pagamento parcial
dos juros. Contudo Kirchner afirma que não vai rever a oferta.
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