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Cai venda de manufaturados para a China
Estudo mostra que participação de produtos de maior valor agregado recua de 32,5%, em 2002, para 10,6%
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A piora na pauta de exportações do Brasil para a China não
foi um efeito pontual da crise
econômica mundial. Levantamento realizado pela Apex
(Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) mostra que nos últimos cinco anos a participação
das vendas de manufaturados
caiu, dando lugar para as exportações de produtos primários
-que não passaram por nenhum processo de beneficiamento, ou seja, com menor valor agregado.
Estudos feitos pela Apex demostram que o Brasil tem potencial de aumentar as exportações de maior valor agregado
para a China. São itens que o
país asiático (a terceira maior
economia mundial) importa de
outras regiões e que também
são produzidos no Brasil, como
autopeças, calçados e moda de
alto padrão, armas e munições.
Mas o Brasil não soube aproveitar esse potencial nos últimos anos. Ao contrário. Em
2003, os manufaturados respondiam por 32,52% de todas
as exportações brasileiras para
o mercado chinês, enquanto os
produtos primários totalizavam 49,81%. No ano passado,
essa relação piorou. Os primários passaram a responder por
77,33% do total exportado para
a China, e o peso dos manufaturados no intercâmbio comercial caiu para 10,64%.
Feira
Uma das estratégias da Apex
para mudar essa proporção será a participação brasileira na
Expo Xangai, feira que poderá
receber 70 milhões de pessoas,
a maioria chineses, entre maio
e outubro do ano que vem. Devem participar do evento cerca
de 200 países.
A Apex vai investir cerca de
R$ 80 milhões para manter um
pavilhão do Brasil na feira. Segundo o presidente da agência,
Alessandro Teixeira, podem
passar pelos estandes brasileiros até 4 milhões de pessoas.
"Será uma oportunidade ímpar de expor produtos de maior
valor agregado do Brasil", disse
Teixeira, citando o biodiesel
como uma das marcas brasileiras a serem apresentadas durante a Expo Xangai.
Ampliar mercado
Diante da queda das exportações brasileiras, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva cobrou ações de governo para ampliar o comércio do país para a
Ásia. Os estudos apresentados
ontem pela Apex mostram que
o mercado chinês tem um grande potencial de aumento, levando-se em consideração a expectativa de crescimento demográfico no país mais populoso do mundo.
O levantamento da Apex sobre o perfil da China mostra
que a população do país pode
chegar a 1,388 bilhão de pessoas em 2015, sendo 683,4 milhões em áreas urbanas. No ano
que vem, a estimativa é que a
população seja de 1,351 bilhão
de pessoas.
O poder de compra da população também vem aumentando. No passado, mais da metade
das famílias do país teve renda
anual de US$ 2.500 a US$ 10
mil. Em cinco anos, o número
de famílias nessa faixa de renda
quase dobrou.
A distância é uma das grandes dificuldades para levar os
produtos brasileiros até os chineses. Os dados da Apex indicam que o mercado chinês
compra mais dos países que estão mais próximos dele.
O maior exportador para a
China é o Japão, com 13,3% daquele mercado. O segundo
maior é a Coreia do Sul, e o terceiro, Taiwan. Os EUA aparecem apenas na quarta colocação no ranking dos maiores fornecedores do mercado chinês.
O Brasil nem sequer aparece na
lista dos principais exportadores para a China -que é o terceiro maior comprador global,
atrás de EUA e Alemanha.
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