São Paulo, quinta-feira, 06 de agosto de 2009

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Cai venda de manufaturados para a China

Estudo mostra que participação de produtos de maior valor agregado recua de 32,5%, em 2002, para 10,6%

JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A piora na pauta de exportações do Brasil para a China não foi um efeito pontual da crise econômica mundial. Levantamento realizado pela Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) mostra que nos últimos cinco anos a participação das vendas de manufaturados caiu, dando lugar para as exportações de produtos primários -que não passaram por nenhum processo de beneficiamento, ou seja, com menor valor agregado.
Estudos feitos pela Apex demostram que o Brasil tem potencial de aumentar as exportações de maior valor agregado para a China. São itens que o país asiático (a terceira maior economia mundial) importa de outras regiões e que também são produzidos no Brasil, como autopeças, calçados e moda de alto padrão, armas e munições.
Mas o Brasil não soube aproveitar esse potencial nos últimos anos. Ao contrário. Em 2003, os manufaturados respondiam por 32,52% de todas as exportações brasileiras para o mercado chinês, enquanto os produtos primários totalizavam 49,81%. No ano passado, essa relação piorou. Os primários passaram a responder por 77,33% do total exportado para a China, e o peso dos manufaturados no intercâmbio comercial caiu para 10,64%.

Feira
Uma das estratégias da Apex para mudar essa proporção será a participação brasileira na Expo Xangai, feira que poderá receber 70 milhões de pessoas, a maioria chineses, entre maio e outubro do ano que vem. Devem participar do evento cerca de 200 países.
A Apex vai investir cerca de R$ 80 milhões para manter um pavilhão do Brasil na feira. Segundo o presidente da agência, Alessandro Teixeira, podem passar pelos estandes brasileiros até 4 milhões de pessoas.
"Será uma oportunidade ímpar de expor produtos de maior valor agregado do Brasil", disse Teixeira, citando o biodiesel como uma das marcas brasileiras a serem apresentadas durante a Expo Xangai.

Ampliar mercado
Diante da queda das exportações brasileiras, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou ações de governo para ampliar o comércio do país para a Ásia. Os estudos apresentados ontem pela Apex mostram que o mercado chinês tem um grande potencial de aumento, levando-se em consideração a expectativa de crescimento demográfico no país mais populoso do mundo.
O levantamento da Apex sobre o perfil da China mostra que a população do país pode chegar a 1,388 bilhão de pessoas em 2015, sendo 683,4 milhões em áreas urbanas. No ano que vem, a estimativa é que a população seja de 1,351 bilhão de pessoas.
O poder de compra da população também vem aumentando. No passado, mais da metade das famílias do país teve renda anual de US$ 2.500 a US$ 10 mil. Em cinco anos, o número de famílias nessa faixa de renda quase dobrou.
A distância é uma das grandes dificuldades para levar os produtos brasileiros até os chineses. Os dados da Apex indicam que o mercado chinês compra mais dos países que estão mais próximos dele.
O maior exportador para a China é o Japão, com 13,3% daquele mercado. O segundo maior é a Coreia do Sul, e o terceiro, Taiwan. Os EUA aparecem apenas na quarta colocação no ranking dos maiores fornecedores do mercado chinês. O Brasil nem sequer aparece na lista dos principais exportadores para a China -que é o terceiro maior comprador global, atrás de EUA e Alemanha.


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