São Paulo, quinta-feira, 06 de setembro de 2007

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Corte no juro foi tímido, avalia indústria

Empresários e sindicalistas dizem que redução de 0,25 ponto nos juros é insuficiente para dar fôlego à economia no 2º semestre

Fiesp afirma que taxa alta prejudica dívida pública; para CNI, decisão confirma a posição conservadora do Banco Central

Ueslei Marcelino - 17.Jul.07/Folha Imagem
O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, para quem queda dos juros de 0,25 ponto foi pequena

DA REPORTAGEM LOCAL

Empresários e sindicalistas consideram que a queda na taxa de juros foi conservadora e insuficiente para dar fôlego à economia neste semestre.
"Em passado recente, os setores produtivos eram uma voz solitária reclamando contra as altas taxas de juros praticadas no Brasil. Hoje, vários analistas de mercado, banqueiros e até ex-dirigentes do Banco Central concordam que a taxa Selic está dois pontos percentuais acima do que seria o ideal para este momento do país", diz Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), em nota.
Para a Fiesp, taxa de juros alta "implica gastos com juros da dívida pública de R$ 23,4 bilhões por ano, que, somados ao aumento da carga tributária explícita no projeto de Orçamento para 2008, resultam em exato 1,4% do PIB. Ou seja, o mesmo que arrecada a CPMF", afirma o presidente da Fiesp.
O Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) considera que o corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros "quebra as expectativas positivas que vêm se formando no meio empresarial. Sondagens recentes da FGV e do Ciesp mostraram que há algum tempo não se tem um clima tão positivo como o que se vive atualmente. A decisão tomada representa uma ducha de água fria para os empresários e coloca em risco a possibilidade de ingressarmos no ciclo de crescimento sustentado, que se confirma com os dados do IBGE do crescimento da produção de bens de capital de 17% no acumulado deste ano", diz Boris Tabacof, diretor do Ciesp.
Para a CNI (Confederação Nacional da Indústria), a decisão do Copom confirma a posição conservadora do BC. Armando Monteiro Neto diz que a expectativa da indústria agora é que o governo retome os cortes mais acentuados nas taxas para que não se interrompa o atual processo de crescimento da economia brasileira.
Abram Szajman, presidente da Fecomercio, diz que a expectativa "é que o Copom faça uma "parada técnica" nas quedas. Pior do que o resultado é a falta de perspectivas que ele traz".
Para Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, a decisão do Copom foi "decepcionante. Foi um banho de água gelada na já morna economia do segundo semestre. Para a CUT, "o regime de metas da inflação, conservador como é, interfere automaticamente no ritmo de queda da taxa básica de juros. O registro de um aquecimento sazonal nos preços de alimentos basta para decisões tímidas e automáticas como a de hoje", afirma Artur Henrique, presidente da central.


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