São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2008

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Desemprego nos EUA é o maior em 5 anos

Taxa chegou a 6,1% em agosto; avanço em 4 meses é o maior desde 1981, época de uma das piores recessões americanas

Apesar de exportações terem puxado expansão do 2º tri, indústria foi o o setor que mais cortou vagas em agosto, seguido por serviços

DA REDAÇÃO

O desemprego nos EUA voltou a subir e está agora no seu nível mais alto em cinco anos, aumentando os temores de recessão da principal economia mundial. Além de enfrentarem problemas no mercado de trabalho, os consumidores, principal motor da economia americana, têm ainda que lidar com a inflação, em seu nível mais alto em quase 20 anos, e a crise financeira, que derrubou o preço de seus imóveis.
A taxa de desemprego subiu para 6,1% no mês passado -0,4 ponto percentual superior à de julho- e está no seu maior nível desde julho de 2003. Desde abril, a taxa já se expandiu em 1,1 ponto percentual, fato que não aconteceu nem em 2001, na última recessão dos EUA. A última vez em que o índice de desemprego avançou ao menos 1,1 ponto percentual em quatro meses foi em 1981, quando teve início uma das piores recessões da história dos Estados Unidos.
No mês passado, 84 mil postos de trabalho deixaram de existir, afetando diversas áreas, como indústria, serviços e construção. Além disso, o governo aumentou a estimativa de cortes de julho e junho. Nesse caso, a previsão quase dobrou, de 51 mil para 100 mil. Em julho, houve redução de 60 mil vagas, 9.000 mais do que foi previsto no mês passado.
Foi o oitavo mês consecutivo de cortes, algo que não acontecia desde 2001 (naquela época, porém, as demissões eram mais expressivas), e já são 605 mil postos de trabalho que deixaram de existir, uma média mensal de quase 76 mil reduções. Os EUA precisam gerar 100 mil postos por mês s[o para atender à população que entra no mercado de trabalho.
A indústria foi o setor que mais eliminou vagas no mês passado, com o corte de 61 mil postos de trabalho, apesar de as exportações terem sido o principal motivo para o crescimento surpreendente dos EUA no segundo trimestre, de 3,3%.
"Seja lá o que está fazendo a economia crescer, isso não está aparecendo de nenhuma forma no mercado de trabalho", disse Jared Bernstein, do Economics Policy Institute. O setor automobilístico, que enfrenta grave crise, cortou 39 mil vagas em agosto e foi o mais afetado.
Além da indústria, foram afetados fortemente o setor de serviços (-53 mil postos) e o comércio varejista (-19,9 mil vagas). A construção, considerado o epicentro da crise atual, continuou a eliminar postos de trabalho (8.000 em agosto), mas em um ritmo menos intenso que nos meses anteriores. Desde agosto de 2007, porém, ele já cortou 437 mil vagas.
Outro fator preocupante foi que a média do salário por hora cresceu 3,6% em relação a agosto de 2007, não acompanhando o ritmo da inflação ao consumidor, que subiu 5,6% em julho (o dado de agosto ainda não foi divulgado). Esse dado eleva a preocupação que o gasto dos consumidores -que representa 70% do PIB dos EUA- possa vir a sucumbir nos próximos meses.
Economistas ontem viram até um "momento Papa-Léguas", em uma referência ao personagem do desenho animado: a economia americana teria chegado ao topo do penhasco e continuado a caminhar por um momento, até olhar para baixo e despencar.
Analistas dizem ainda que o Fed (o BC dos EUA) deverá manter os juros em 2% por um longo período para reanimar a economia. "A economia está claramente se deteriorando", afirmou Gary Thayer, do Wachovia Securities. "Estamos vendo fraqueza em todo o mundo, então há menos motivo para o Fed focar a inflação, e mais razão para fazer com que a economia retome suas forças."


Com Reuters e "The New York Times"


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