|
Próximo Texto | Índice
Desemprego nos EUA é o maior em 5 anos
Taxa chegou a 6,1% em agosto; avanço em 4 meses é o maior desde 1981, época de uma das piores recessões americanas
Apesar de exportações terem puxado expansão do 2º tri, indústria foi o o setor que mais cortou vagas em agosto, seguido por serviços
DA REDAÇÃO
O desemprego nos EUA voltou a subir e está agora no seu
nível mais alto em cinco anos,
aumentando os temores de recessão da principal economia
mundial. Além de enfrentarem
problemas no mercado de trabalho, os consumidores, principal motor da economia americana, têm ainda que lidar com a
inflação, em seu nível mais alto
em quase 20 anos, e a crise financeira, que derrubou o preço
de seus imóveis.
A taxa de desemprego subiu
para 6,1% no mês passado -0,4
ponto percentual superior à de
julho- e está no seu maior nível desde julho de 2003. Desde
abril, a taxa já se expandiu em
1,1 ponto percentual, fato que
não aconteceu nem em 2001,
na última recessão dos EUA. A
última vez em que o índice de
desemprego avançou ao menos
1,1 ponto percentual em quatro
meses foi em 1981, quando teve
início uma das piores recessões
da história dos Estados Unidos.
No mês passado, 84 mil postos de trabalho deixaram de
existir, afetando diversas áreas,
como indústria, serviços e
construção. Além disso, o governo aumentou a estimativa
de cortes de julho e junho. Nesse caso, a previsão quase dobrou, de 51 mil para 100 mil.
Em julho, houve redução de 60
mil vagas, 9.000 mais do que foi
previsto no mês passado.
Foi o oitavo mês consecutivo
de cortes, algo que não acontecia desde 2001 (naquela época,
porém, as demissões eram mais
expressivas), e já são 605 mil
postos de trabalho que deixaram de existir, uma média
mensal de quase 76 mil reduções. Os EUA precisam gerar
100 mil postos por mês s[o para
atender à população que entra
no mercado de trabalho.
A indústria foi o setor que
mais eliminou vagas no mês
passado, com o corte de 61 mil
postos de trabalho, apesar de as
exportações terem sido o principal motivo para o crescimento surpreendente dos EUA no
segundo trimestre, de 3,3%.
"Seja lá o que está fazendo a
economia crescer, isso não está
aparecendo de nenhuma forma
no mercado de trabalho", disse
Jared Bernstein, do Economics
Policy Institute. O setor automobilístico, que enfrenta grave
crise, cortou 39 mil vagas em
agosto e foi o mais afetado.
Além da indústria, foram afetados fortemente o setor de
serviços (-53 mil postos) e o comércio varejista (-19,9 mil vagas). A construção, considerado o epicentro da crise atual,
continuou a eliminar postos de
trabalho (8.000 em agosto),
mas em um ritmo menos intenso que nos meses anteriores.
Desde agosto de 2007, porém,
ele já cortou 437 mil vagas.
Outro fator preocupante foi
que a média do salário por hora
cresceu 3,6% em relação a
agosto de 2007, não acompanhando o ritmo da inflação ao
consumidor, que subiu 5,6%
em julho (o dado de agosto ainda não foi divulgado). Esse dado eleva a preocupação que o
gasto dos consumidores -que
representa 70% do PIB dos
EUA- possa vir a sucumbir nos
próximos meses.
Economistas ontem viram
até um "momento Papa-Léguas", em uma referência ao
personagem do desenho animado: a economia americana
teria chegado ao topo do penhasco e continuado a caminhar por um momento, até
olhar para baixo e despencar.
Analistas dizem ainda que o
Fed (o BC dos EUA) deverá
manter os juros em 2% por um
longo período para reanimar a
economia. "A economia está
claramente se deteriorando",
afirmou Gary Thayer, do Wachovia Securities. "Estamos
vendo fraqueza em todo o
mundo, então há menos motivo para o Fed focar a inflação, e
mais razão para fazer com que a
economia retome suas forças."
Com Reuters e "The New York Times"
Próximo Texto: Frases Índice
|