São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2008

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Metalúrgicos decidem se farão greve no ABC paulista

Trabalhadores ameaçam parar nesta segunda-feira

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

No ABC paulista, 70% dos 105 mil metalúrgicos da região podem decretar hoje greve nas montadoras e nas autopeças, caso proposta com aumento salarial acima de 2,5% da inflação não seja oferecida até as 10 horas. O prazo termina quando começa assembléia da categoria em São Bernardo do Campo, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (CUT). Depois de dois dias consecutivos de negociação, as montadoras chegaram ao índice de 1,8% acima da inflação, percentual considerado "distante" do que os trabalhadores querem.
No ano passado, o ganho real nos salários foi de 2,5% acima do INPC de 4,82% (equivalente à inflação acumulada nos últimos 12 meses até setembro).
A Folha apurou que algumas montadoras teriam oferecido anteontem até 1,95% acima da inflação, mas a proposta não chegou a ser "formalizada" na reunião com os sindicalistas.
"O argumento das empresas é que não podem arcar com custos que impliquem perda de competitividade. Mas o fato é que sem proposta não haverá produção em fábrica alguma a partir de segunda", disse Sérgio Nobre, presidente do sindicato, durante intervalo da reunião com o Sinfavea (sindicato dos fabricantes de veículos). A negociação iniciada ontem por volta de 15h deveria avançar na madrugada de hoje.
Militantes e sindicalistas já organizavam ontem uma possível paralisação na segunda. Ela pode ocorrer em setores estratégicos das montadoras, fornecedores e em todas as empresas de setores que não oferecerem reajuste com ganho real considerado "mais significativo" -eletroeletrônicos, máquinas e outros.
Nas autopeças, também não houve acordo na negociação de ontem. A FEM-CUT (federação dos metalúrgicos paulistas) recusou proposta do setor de 8,8% de reajuste, sendo 1,5% de aumento real e 7,15% para repor as perdas da inflação.
Cerca de 3.000 funcionários das autopeças Mahle Metal Leve, Rassini, Fibam e Proema, todas em São Bernardo, pararam a produção em até duas horas. Hoje e amanhã estão suspensas jornadas adicionais, com horas extras, em todas as montadoras do ABC.
Em São José dos Campos, cerca de 1.400 metalúrgicos das empresas Bundy e Eaton atrasaram a produção em duas horas, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos da região (vinculado ao Conlutas, central sindical ligada ao PSTU).
"Nosso pedido é de reajuste de 18,83%, sendo 9% de aumento real e gatilho salarial toda vez que a inflação chegar a 3%", disse Eliezer Mariano da Cunha, diretor do sindicato da categoria em Campinas (ligado à Intersindical, corrente sindical formada por dissidentes da CUT). A negociação com Conlutas e Intersindical ocorre separadamente da feita com sindicatos ligados à CUT.

Mais um acordo
No Paraná, 4.000 metalúrgicos da Renault/Nissan encerraram ontem greve de cinco dias e aceitaram nova proposta da empresa. Eles terão 2,5% de aumento real mais a inflação acumulada nos últimos 12 meses (7,6%) na folha de setembro, além de um abono de R$ 1.500 e um vale-compras de R$ 100. Os dias parados não serão descontados do salário, mas do banco de horas.
Os trabalhadores da montadora Volvo, em Curitiba, já haviam aceitado proposta semelhante à dos operários da Renault na quinta-feira sem recorrer à greve. Na Volkswagen/Audi, 4.000 metalúrgicos continuam em greve.


Colaborou DIMITRI DO VALLE, da Agência Folha


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