São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2008

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Lula chama antecessores na economia de criminosos

Para presidente, país passou 20 anos "atrofiado"

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM IPOJUCA (PE)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, na região do porto de Suape, em Ipojuca (a 57 km de Recife), que o Brasil passou 20 anos "atrofiado" e que os responsáveis pela política econômica e de desenvolvimento daquela época são mais "criminosos" do que jovens presos por cometer algum delito, pois não permitiram o crescimento real do país.
"É por isso que este país estava atrofiado e era proibido de crescer, porque passamos 20 anos da história deste país discutindo inflação e dívida externa, e ninguém parava para discutir o acúmulo e a concentração de miseráveis que iam surgindo pela periferia deste país", afirmou o presidente.
"E hoje nós vemos, na TV, quando um jovem daqueles de 24 anos está sendo preso porque cometeu um delito, ele é menos criminoso do que aqueles que foram responsáveis pela política econômica, pela política de desenvolvimento deste país nos últimos 20 anos."
O período criticado por Lula, de 1982 a 2002, inclui os governos de João Baptista Figueiredo, José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso.
Lula falou a um público de metalúrgicos do recém-inaugurado estaleiro Atlântico Sul, onde ontem ele participou do primeiro corte de aço para a produção de navios encomendados pela Transpetro, subsidiária da Petrobras.
O presidente vestiu um uniforme de metalúrgico, semelhante ao que usava quando trabalhava no setor metal-mecânico no ABC paulista.
Ao relembrar aquela época e suas três derrotas eleitorais, Lula disse que mudou de lá para cá, mas afirmou que os empresários também mudaram.
"Eles [empresários] ficavam semanas e semanas entre um copo de uísque e outro, tentando tomar o dinheiro que o Estado arrecadava, que não dava para suprir nem as necessidades do atendimento da população.
Hoje, os empresários tomaram consciência, e nós também, de que a única possibilidade de este país crescer é a gente dar as mãos, a gente compreender que todos nós temos direitos e deveres", disse Lula.
Outra diferença em relação ao passado, segundo Lula, é que hoje nem empresários nem trabalhadores o temem mais. "Hoje eu tenho certeza de que os empresários não têm mais medo do Lula. E é bom que tenham respeito, pelo respeito que eu tenho por eles. Os trabalhadores também já não têm mais medo do Lula, pelo contrário, eles me enxergam como se fossem eles que estivessem governando este país", disse.

Outro lado
A Folha não conseguiu contato ontem com os ex-presidentes José Sarney (1985-90), Fernando Collor (1990-92), Itamar Franco (1992-94) e FHC (1995-2002) até o fechamento desta edição.


Com FÁBIO GUIBU, da Agência Folha, em Recife, e PAULO DE ARAUJO, colaboração para a Folha

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