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Lula chama antecessores na economia de criminosos
Para presidente, país passou 20 anos "atrofiado"
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM IPOJUCA (PE)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, na
região do porto de Suape, em
Ipojuca (a 57 km de Recife), que
o Brasil passou 20 anos "atrofiado" e que os responsáveis pela política econômica e de desenvolvimento daquela época
são mais "criminosos" do que
jovens presos por cometer algum delito, pois não permitiram o crescimento real do país.
"É por isso que este país estava atrofiado e era proibido de
crescer, porque passamos 20
anos da história deste país discutindo inflação e dívida externa, e ninguém parava para discutir o acúmulo e a concentração de miseráveis que iam surgindo pela periferia deste país",
afirmou o presidente.
"E hoje nós vemos, na TV,
quando um jovem daqueles de
24 anos está sendo preso porque cometeu um delito, ele é
menos criminoso do que aqueles que foram responsáveis pela
política econômica, pela política de desenvolvimento deste
país nos últimos 20 anos."
O período criticado por Lula,
de 1982 a 2002, inclui os governos de João Baptista Figueiredo, José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando
Henrique Cardoso.
Lula falou a um público de
metalúrgicos do recém-inaugurado estaleiro Atlântico Sul,
onde ontem ele participou do
primeiro corte de aço para a
produção de navios encomendados pela Transpetro, subsidiária da Petrobras.
O presidente vestiu um uniforme de metalúrgico, semelhante ao que usava quando
trabalhava no setor metal-mecânico no ABC paulista.
Ao relembrar aquela época e
suas três derrotas eleitorais,
Lula disse que mudou de lá para cá, mas afirmou que os empresários também mudaram.
"Eles [empresários] ficavam
semanas e semanas entre um
copo de uísque e outro, tentando tomar o dinheiro que o Estado arrecadava, que não dava para suprir nem as necessidades
do atendimento da população.
Hoje, os empresários tomaram
consciência, e nós também, de
que a única possibilidade de este país crescer é a gente dar as
mãos, a gente compreender
que todos nós temos direitos e
deveres", disse Lula.
Outra diferença em relação
ao passado, segundo Lula, é que
hoje nem empresários nem trabalhadores o temem mais. "Hoje eu tenho certeza de que os
empresários não têm mais medo do Lula. E é bom que tenham respeito, pelo respeito
que eu tenho por eles. Os trabalhadores também já não têm
mais medo do Lula, pelo contrário, eles me enxergam como
se fossem eles que estivessem
governando este país", disse.
Outro lado
A Folha não conseguiu contato ontem com os ex-presidentes José Sarney (1985-90),
Fernando Collor (1990-92),
Itamar Franco (1992-94) e
FHC (1995-2002) até o fechamento desta edição.
Com FÁBIO GUIBU, da Agência Folha,
em Recife, e PAULO DE ARAUJO, colaboração
para a Folha
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