|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Alemanha diz que garantirá depósitos
DINHEIRO Medida é anunciada por temor de corrida contra bancos após colapso de socorro de 35 bi à financeira Hypo
Governo fecha novo acordo de 50 bi ao Hypo; Merkel diz que não deixará quebra de banco abalar o país e promete punir banqueiros
DA REDAÇÃO
A Alemanha anunciou ontem
que vai garantir todas as contas
bancárias privadas do país, numa tentativa de impedir corrida às instituições financeiras
nos próximos dias. A medida
foi anunciada um dia após a divulgação do fracasso da operação de resgate de 35 bilhões
da alemã Hypo Real Estate,
uma das maiores do crédito
imobiliário da Europa.
Ontem, após intensas negociações entre o governo e banqueiros, o Ministério das Finanças alemão anunciou novo
plano de resgate ao Hypo, agora a um custo de 50 bilhões.
No primeiro plano, o governo
entraria com 27 bilhões. O
custo extra de 15 bilhões do
segundo plano será dos bancos
privados, disse o governo.
A chanceler (primeira-ministra) alemã, a conservadora
Angela Merkel, disse que não
deixará que a quebra de uma
instituição abale a economia
alemã, a maior da Europa:
"Não permitiremos que as dificuldades de uma instituição
abale todo o sistema. Por isso,
estamos trabalhando duro para
socorrer o Hypo Real Estate".
Merkel disse ainda que o plano de socorro assegurará que
executivos que tenham tomado
decisões irresponsáveis respondam por suas ações e que
sua punição "é nossa dívida
com os contribuintes".
As ações alemãs de ontem
dão novas provas de como o colapso do sistema financeiro
americano está abalando fortemente o sistema europeu, onde
vários bancos já quebraram.
A Irlanda já havia anunciado
na semana passada medida similar à adotada agora pela Alemanha. O governo grego também disse na semana passada
que iria garantir todos os depósitos. Os anúncios causaram
críticas de outros países europeus na semana passada, que
agora podem ser obrigados a
tomar medidas parecidas.
Sem limites
O Ministério das Finanças
alemão disse que o governo
abolirá o limite legal atual que
garante os depósitos bancários
até 20 mil por conta.
Torsten Albig, porta-voz do
ministério, disse que a garantia
ilimitada cobre cerca de 570
bilhões (US$ 785 bilhões).
O anúncio foi feito enquanto
o ministro das Finanças, Jörg
Assmussen, negociava com
banqueiros em Berlim um
acordo de última hora para socorrer o Hypo, que está listado
na Bolsa de Frankfurt e cuja
quebra poderia ter implicações
ainda piores para os mercados
financeiros europeus e globais.
Membros do governo disseram que a decisão de suspender os limites de garantia foi
tomada por causa de temores
de que a crise do Hypo -que
revelou um novo buraco em
sua contabilidade no final de
semana, precipitando o colapso do pacote de socorro do governo e bancos privados- gerasse pânico hoje.
Um funcionário do governo
alemão disse que a forma legal
de garantir os depósitos integralmente nos bancos do país
será determinada nesta semana e que seu formato ainda está
indefinido.
O limite alemão de 20 mil é
a garantia de depósitos mais
baixa permitida na legislação
da União Européia. Muitos países do bloco europeu têm garantias oficiais mais altas. Na
França, chega a 70 mil.
O governo da Áustria, cuja
economia é estreitamente ligada à da Alemanha, também
anunciou que elevará as garantias dos depósitos nos bancos
do país, numa medida a ser
anunciada na quarta-feira.
Anteontem, em encontro de
cúpula em Paris das quatro
maiores economias da UE
-Alemanha, Reino Unido,
França e Itália-, foi anunciado
que os governos farão o que for
preciso para impedir a quebra
de bancos do continente. Muitos têm forte exposição aos papéis "podres" dos bancos norte-americanos, artifícios financeiros complexos lastreados
em hipotecas "subprime" (de
alto risco), que começaram a
registrar calotes, dando início à
crise atual.
Mas a cúpula de Paris, convocada pelo presidente francês,
Nicolas Sarkozy, terminou sem
acordo sobre medidas mais
abrangentes de socorro, o que
gerou críticas de economistas.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Nos EUA, juiz bloqueia venda de banco a pedido do Citi Próximo Texto: Problemas com bancos se espalham por toda a Europa Índice
|