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Para analistas, cúpula européia foi um fracasso
DA REUTERS
As medidas anunciadas ontem pela Alemanha eclipsaram
as vagas promessas dos líderes
das quatro principais economias européias para lidar com a
crise financeira no continente
realizadas na véspera, após encontro em Paris que reuniu anteontem os chefes de governo
de Alemanha, França, Reino
Unido e Itália.
"É como ficar nos trilhos
olhando para o trem vindo em
sua direção", disse Daniel Gros,
diretor do Centro para Política
Européia em Bruxelas.
Para Gros e outros economistas, a reunião fracassou por
não ter apresentado uma solução abrangente para a maior
crise financeira global desde os
anos 1930.
Os quatro pediram à Comissão Européia (órgão executivo
da União Européia) que proponha uma legislação sobre proteção a depósitos bancários e
disseram que, devido às circunstâncias excepcionais, os limites de socorro a empresas e
aos déficits públicos dos países
do bloco devem ser relaxados.
O que não propuseram foi
uma espécie de fundo de socorro pan-europeu, nas linhas do
plano de socorro dos EUA, uma
idéia que circulou antes da cúpula, mas foi rejeitada por Londres e Berlim. Eles também não
sugeriram outras medidas sistêmicas, como a de garantia
ampla de depósitos, adotada
por Irlanda e, agora, Alemanha.
A declaração após a reunião
de Paris refletiu um desejo de
restaurar a confiança nos mercados, mas não trouxe medidas
de ação rápida, contundente e
sistêmica para atingir o objetivo declarado, disse Gross.
"Há novamente um abismo
entre aspirações políticas pomposas e ação concreta", disse
Marco Annunziata, economista-chefe do banco italiano UniCredit, cujo conselho se reuniu
ontem para tentar aumentar o
capital da empresa após a queda abrupta de suas ações. Annunziata alertou que pode haver "uma nova onda de turbulência nos mercados europeus
nesta semana".
Insuficiente
Thomas Mayer, economista-chefe para Europa do Deutsche
Bank, disse que a estratégia de
lidar com os problemas dos
bancos caso a caso não é mais
suficiente. "É preciso um remédio forte, aplicado a todo o sistema, para impedir mais crises
bancárias", disse Mayer.
Muitos economistas sugerem que as garantias amplas
dadas por Irlanda e Alemanha,
poderiam ser estendidas à região como um todo.
Mayer disse que o colapso do
banco de investimento norte-americano Lehman Brothers,
em setembro foi um ponto de
virada na crise, que levou o sistema interbancário a uma quase total paralisia.
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