São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2008

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Para analistas, cúpula européia foi um fracasso

DA REUTERS

As medidas anunciadas ontem pela Alemanha eclipsaram as vagas promessas dos líderes das quatro principais economias européias para lidar com a crise financeira no continente realizadas na véspera, após encontro em Paris que reuniu anteontem os chefes de governo de Alemanha, França, Reino Unido e Itália.
"É como ficar nos trilhos olhando para o trem vindo em sua direção", disse Daniel Gros, diretor do Centro para Política Européia em Bruxelas.
Para Gros e outros economistas, a reunião fracassou por não ter apresentado uma solução abrangente para a maior crise financeira global desde os anos 1930.
Os quatro pediram à Comissão Européia (órgão executivo da União Européia) que proponha uma legislação sobre proteção a depósitos bancários e disseram que, devido às circunstâncias excepcionais, os limites de socorro a empresas e aos déficits públicos dos países do bloco devem ser relaxados.
O que não propuseram foi uma espécie de fundo de socorro pan-europeu, nas linhas do plano de socorro dos EUA, uma idéia que circulou antes da cúpula, mas foi rejeitada por Londres e Berlim. Eles também não sugeriram outras medidas sistêmicas, como a de garantia ampla de depósitos, adotada por Irlanda e, agora, Alemanha.
A declaração após a reunião de Paris refletiu um desejo de restaurar a confiança nos mercados, mas não trouxe medidas de ação rápida, contundente e sistêmica para atingir o objetivo declarado, disse Gross.
"Há novamente um abismo entre aspirações políticas pomposas e ação concreta", disse Marco Annunziata, economista-chefe do banco italiano UniCredit, cujo conselho se reuniu ontem para tentar aumentar o capital da empresa após a queda abrupta de suas ações. Annunziata alertou que pode haver "uma nova onda de turbulência nos mercados europeus nesta semana".

Insuficiente
Thomas Mayer, economista-chefe para Europa do Deutsche Bank, disse que a estratégia de lidar com os problemas dos bancos caso a caso não é mais suficiente. "É preciso um remédio forte, aplicado a todo o sistema, para impedir mais crises bancárias", disse Mayer.
Muitos economistas sugerem que as garantias amplas dadas por Irlanda e Alemanha, poderiam ser estendidas à região como um todo.
Mayer disse que o colapso do banco de investimento norte-americano Lehman Brothers, em setembro foi um ponto de virada na crise, que levou o sistema interbancário a uma quase total paralisia.


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