São Paulo, sábado, 06 de novembro de 2004

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HUMOR DO MERCADO

Investidor externo vende mais do que compra no ano; série mensal tem pior desempenho desde 2002

Saldo de estrangeiro na Bolsa fica negativo

Mauricio Lima - 13.out.04/France Presse
Pregão da Bovespa; investidores estrangeiros respondem por cerca de 30% da movimentação


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O resultado negativo de outubro fez com que o saldo dos investimentos estrangeiros na Bolsa de Valores de São Paulo ficasse pela primeira vez no vermelho no acumulado de 2004. As vendas de ações com capital estrangeiro no pregão superaram as compras em R$ 83,7 milhões no ano.
Outubro foi o quinto mês seguido de saldo negativo. A última vez que isso aconteceu foi em 2002, no auge da tensão que as eleições presidenciais trouxeram ao mercado financeiro.
O balanço das compras e vendas feitas por estrangeiros ficou negativo em R$ 620,9 milhões no mês passado. Parte dos recursos migrou para ADRs -recibos de ações- de empresas brasileiras negociados nos EUA. Outra parcela saiu do pregão para as ofertas públicas de ações realizadas neste ano -por empresas novas como a Gol e outras com capital já aberto, como a Braskem.
"Não é correto afirmar que os estrangeiros estão fugindo das ações brasileiras. O que tem acontecido é uma realocação entre ativos das empresas do país. Temos visto recentemente dinheiro migrando para ADRs", afirma Eduardo Fornazier, gestor da Santos Asset Management.
Em outubro, também houve recompra de ações do grupo Vivo, que girou R$ 1,509 bilhão, da qual os estrangeiros participaram.
A participação do estrangeiro na Bolsa é de grande importância. Em outubro, esse segmento de investidores respondeu por 27,6% dos negócios totais do mercado.
A saída de investidores estrangeiros do país, mesmo que seja para comprar papéis de companhias brasileiras no exterior, nunca é uma boa notícia. Esse movimento, se intensificado, pode gerar maior pressão sobre o valor do dólar em relação ao real.
Em 2002, o saldo de negócios com capital externo foi negativo em R$ 1,4 bilhão. Em 2003, o saldo ficou positivo em R$ 7,5 bilhões.
O melhor mês deste ano foi fevereiro, quando as compras feitas com capital estrangeiro na Bolsa foram maiores que as vendas em R$ 1,57 bilhão. A abundância de capitais no mercado naquele período, com as taxas de juros em níveis historicamente baixos nos EUA, embalou esse movimento. A expectativa de que os juros começariam a ser elevados nos EUA também ainda era pequena.
A movimentação com ADRs de empresas brasileiras cresceu US$ 1,25 bilhão entre agosto e outubro, giro que mostra que não cresceu a aversão a papéis brasileiros.
Para Luiz Antônio Vaz das Neves, diretor da corretora Planner, é importante que o mercado não comece a especular com a possibilidade de altas mais expressivas nos juros dos EUA em 2005. "Um cenário desses poderia ser muito negativo, pois tenderia a fazer com que os estrangeiros trocassem emergentes pelos EUA."
Ontem, a Bovespa caiu 1,42%. Os dados sobre o crescimento de novos empregos nos EUA não foram bem recebidos pelo mercado, por indicarem a possibilidade de nova alta de juros. Na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), as taxas futuras subiram.


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