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COMÉRCIO EXTERIOR
Presidente Hu Jintao trará ao Brasil comitiva com cerca de 200 empresários e será recebido por Lula
Dirigente chinês vem ao país debater parceria
CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM
Acompanhado de no mínimo
500 pessoas, o presidente Hu Jintao inicia na quinta-feira a mais
importante visita de um dirigente
chinês ao Brasil, seis meses depois
de receber em Pequim o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Hu disse ontem ao embaixador
do Brasil na China, Luiz Augusto
de Castro Neves, esperar que a visita consolide a chamada parceria
estratégica entre os dois países.
Do lado chinês, a "parceria" está
refletida em gestos simbólicos: o
Brasil será o primeiro de quatro
países que Hu visitará na América
Latina e aquele em que ele ficará
por mais tempo.
Em contrapartida, o presidente
chinês espera que seu colega brasileiro reconheça formalmente a
China como uma economia de
mercado, apesar do peso da atuação do Estado. Esse é o principal
objetivo de Hu, que conta com a
pressão adicional das 24 empresas chinesas que integram o Conselho Empresarial Brasil-China,
quase todas estatais.
Por enquanto, 22 dos 148 países
que compõem a OMC (Organização Mundial do Comércio) reconheceram a China como economia de mercado, dos quais o mais
importante é a Austrália.
A concessão à China desse status está longe de ter efeito apenas
retórico. Ela significa a aceitação
da tese de que os preços chineses
são formados de acordo com as
forças de mercado e não sofrem
distorções de intervenções estatais na economia.
A conseqüência prática mais
importante é a maior dificuldade
na aplicação de medidas antidumping por parte do país que
concede à China o status de economia de mercado.
O país asiático manteve no primeiro semestre do ano o primeiro
lugar no ranking de países-alvo de
medidas antidumping -que são
restrições a importações sob o argumento de que os preços praticados estão artificialmente inferiores aos de mercado.
O embaixador Castro Neves
disse que o governo está estudando o assunto e que ainda não há
nenhuma decisão. O Brasil também sofrerá pressão pelo fato de
que o Chile concederá o status de
economia de mercado à China
durante a visita de Hu Jintao ao
país, depois de sua passagem pelo
Brasil e Argentina.
O presidente chinês chegará a
Brasília na tarde da quinta-feira,
com uma comitiva que ocupará
dois Boeings 747 e na qual estarão
pelo menos 200 empresários.
No dia seguinte, terá encontro
reservado com Lula, discursará
em uma sessão conjunta do Congresso Nacional e será homenageado com um banquete no Itamaraty. Antes do jantar, Hu e Lula encerrarão seminário empresarial que terá como tema a parceria
estratégica dos dois países.
No sábado, Hu receberá representantes da comunidade chinesa
no Brasil e participará de almoço
na Granja do Torto, no qual haverá dez convidados de cada país.
Em Brasília, serão assinados os
acordos que os dois lados conseguirem concluir antes da visita.
Por enquanto, há cinco prontos
para serem assinados, dos quais
os mais importantes são o que
amplia de quatro para cinco o número de satélites que serão lançados em conjunto pelos dois países
e o que prevê cooperação industrial nas áreas siderúrgica e sucroalcooleira.
Segundo Castro Neves, esse último acordo abre a perspectiva de
exportação de álcool etanol do
Brasil para a China, país que enfrenta serias restrições energéticas
e problemas ambientais.
Também será assinado o documento que classifica o Brasil como Destino Turístico Autorizado
para os chineses, o que facilita a
concessão de vistos. Os demais
acordos são o tratado de extradição e o de cooperação no combate
a crimes transnacionais.
Outros quatro textos estão sendo negociados e podem não estar
prontos antes da visita. Para o
Brasil, o mais relevante é o que autoriza a exportação de carne bovina e de frango para a China.
Depois de Brasília, Hu Jintao irá
ao Rio, onde se encontra com a
governadora Rosinha Matheus e
o secretário licenciado de Segurança Pública, Anthony Garotinho, que também vão homenageá-lo com um banquete.
O presidente chinês terá seu dia
de turista no domingo, 14, quando visitará o Corcovado e andará
de barco pela baía da Guanabara.
À tarde ele embarca para São Paulo, onde na segunda-feira terá encontro com o governador Geraldo Alckmin, também seguido de
banquete. Hu deixa o Brasil na
manhã do dia 16, em direção a
Buenos Aires. Depois, visitará o
Chile, onde participará de reunião
da Apec (Cooperação Econômica
Ásia-Pacífico), e Cuba.
Importância
Ampliar as relações comerciais
com os chineses é um desejo difundido por todo o planeta praticamente. Afinal, apesar das medidas restritivas adotadas pelo governo local neste ano, a economia
da China cresceu 9,5% nos nove
primeiros meses de 2004 em relação ao mesmo período de 2003. O
país é um dos maiores compradores de produtos agrícolas e de insumos.
Tanto que, na época de sua viagem à China, no início deste ano,
o presidente Lula disse que o país
era uma "espécie de shopping de
oportunidades" para a realização
de bons negócios.
Com a Redação
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