|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Investimento asiático
depende de ação do Brasil
DE PEQUIM
O aumento dos investimentos
chineses no Brasil dependem em
parte de o país adotar a decisão de
reconhecer a China como uma
economia de mercado plena. Esse
é o recado do presidente do lado
chinês do Conselho Empresarial
Brasil-China, Miao Gengshu, na
véspera da viagem do presidente
Hu Jintao ao Brasil.
Criado em maio, durante a visita de Lula à China, o conselho reúne grandes empresas de ambos os
países e é comandado do lado
brasileiro pelo presidente da Vale
do Rio Doce, Roger Agnelli.
A China está em uma campanha internacional para obter o reconhecimento como uma economia de mercado, que pode ser dado individualmente pelos países
que assim o desejarem. A contar
de seu ingresso na OMC (Organização Mundial do Comércio), em
2001, a China poderá ser considerada pelo período de 15 anos como uma economia na qual as regras de mercado não prevalecem.
"As empresas chinesas têm receio de que, no comércio e em
seus investimentos no Brasil, elas
não sejam tratadas de maneira
justa", disse Miao, que também é
presidente da estatal Minmetals, o
sexto maior grupo empresarial
chinês. Miao estará entre os 200
empresários que acompanharão
Hu em sua visita ao Brasil.
Os países que reconhecem a
China como uma economia de
mercado têm mais dificuldades
em aplicar medidas antidumping
contra o país. Por enquanto, cerca
de 20 dos 148 países da OMC concederam esse status ao país asiático. A seguir, trechos da entrevista
de Miao à Folha.
(CT)
Folha - Na visita de Lula à China,
em maio, foram anunciados investimentos chineses no Brasil, especialmente na área de infra-estrutura, mas eles não foram implementados. O que está atrasando?
Miao Gengshu - Alguns projetos
ainda estão sendo negociados.
Outros foram concluídos. A Minmetals, por exemplo, já concluiu
acordos para suprir tecnologia
para fábricas de aço. Mas é claro
que algumas empresas têm preocupações. A China entrou na
OMC e muitos países do mundo
já deram ao país o status de economia de mercado, mas o Brasil,
um parceiro estratégico, ainda
não reconheceu a China como
uma economia de mercado plena.
Por isso, as empresas chinesas
têm receio de que, no comércio e
em seus investimentos no Brasil,
elas não sejam tratadas de maneira justa, e esperam que esse problema seja resolvido durante a visita do presidente Hu Jintao.
Folha - Mas a China tem investimentos em outros países, como
EUA, que também não a reconhecem como uma economia de mercado. Por que essa preocupação específica em relação ao Brasil?
Miao - Os Estados Unidos não
vêem a China como um parceiro
estratégico, mas como um concorrente estratégico.
Folha - Na condição de parceiro, o
Brasil deveria ter maior comprometimento com a China?
Miao - Não há conflitos de interesse político entre Brasil e China,
os dois povos têm relações amistosas e os altos funcionários governamentais têm contatos estreitos. Alguns anos atrás, ambos os
governos anunciaram que os dois
países são parceiros estratégicos.
Durante sua visita à China, Lula
prometeu que o Brasil iria conceder à China o status de economia
de mercado. Mas, até agora, não
recebemos confirmação disso.
Folha - O sr. diria que o aumento
de investimentos chineses no Brasil depende do reconhecimento por
parte do Brasil do status de economia de mercado da China?
Miao - As duas coisas estão relacionadas. Se há um reconhecimento mútuo do status de economia de mercado, as empresas de
ambos os países podem ter um
ambiente justo de concorrência.
Texto Anterior: Vôo da águia: Emprego nos EUA supera previsão Próximo Texto: Frase Índice
|