São Paulo, quinta-feira, 06 de novembro de 2008

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Caixa lucra R$ 723 milhões no 3º trimestre

Valor é dez vezes maior que o de igual período de 2007, quando cresceu inadimplência na carteira de crédito

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Caixa Econômica Federal lucrou R$ 723 milhões no terceiro trimestre do ano, valor dez vezes maior do que o apurado no mesmo período de 2007.
Mesmo com o crescimento, o resultado ainda fica distante dos números alcançados pelos principais bancos privados do país -Itaú e Bradesco tiveram, respectivamente, ganhos de R$ 1,848 bilhão e R$ 1,910 bilhão no trimestre passado.
A forte variação ocorrida em relação ao lucro de 2007 é explicada pelas perdas que a Caixa teve no ano passado com o aumento da inadimplência de sua carteira de crédito, especialmente nos empréstimos para micro e pequenas empresas.
O atraso nos pagamentos chegou a atingir 7,6% dos financiamentos a pessoas jurídicas no ano passado, mas em outubro essa proporção havia recuado para 2,8%.
Entre janeiro e setembro, a Caixa lucrou R$ 3,266 bilhões -mais 90% em relação ao ano passado. Esse resultado, porém, se deve a fatores isolados ocorridos no primeiro semestre deste ano, como a utilização de R$ 820 milhões em crédito tributário, que inflou o lucro do segundo trimestre na mesma proporção.
Se fosse descontado esse artifício contábil, o lucro da Caixa teria crescido 30% entre janeiro e setembro deste ano. Para a presidente da instituição, Maria Fernanda Ramos Coelho, os números foram positivos e refletem, principalmente, o crescimento da carteira de crédito do banco.

Mais crédito
No terceiro trimestre deste ano, o saldo de empréstimos concedidos pela Caixa subiu 8,8% em relação ao trimestre imediatamente anterior, elevando o volume liberado para R$ 69,2 bilhões.
Desse total, R$ 40,9 bilhões correspondem a operações de financiamento habitacional, que tiveram crescimento de 4,6% no trimestre.
O vice-presidente de Controle da Caixa, Marcos Vasconcelos, diz que a expansão de crédito do banco é conseqüência de um esforço maior em aumentar os negócios com grandes empresas. Em meio à crise de escassez de crédito, o executivo divulgou números de outubro para tentar mostrar que, na Caixa, a liberação dos recursos continua normal.
No mês passado, segundo Vasconcelos, a Caixa liberou cerca de R$ 4,5 bilhões em financiamentos a empresas, maior valor já alcançado pelo banco em um único mês e aumento de 80% em relação à média mensal, de R$ 2,5 bilhões, observada entre janeiro e setembro deste ano.
As receitas obtidas com a cobrança de tarifas também se mantiveram em alta. Entre julho e setembro, a Caixa faturou R$ 5,519 bilhões com a prestação de serviços bancários, 4,3% a mais do que no trimestre anterior.

Aquisições
Dias depois de anunciada a fusão entre Itaú e Unibanco, o vice-presidente de Finanças da Caixa, Marcos Percival, disse ontem que o banco estatal pretende usar a permissão concedida por medida provisória editada pelo governo no mês passado para comprar outras instituições financeiras, mas não quis revelar nomes de possíveis bancos que interessariam à Caixa.
"No Brasil, vai haver um processo de concentração semelhante ao que está acontecendo lá fora. Todos os bancos vão ter de se preparar para essa maior concorrência, e com os bancos públicos não vai ser diferente", afirmou.
Ele também disse que, desde o mês passado, a Caixa já fechou a aquisição de cerca de R$ 2,2 bilhões em carteiras de empréstimos mantidas por outros oito bancos, numa ação que tem sido estimulada pelo Banco Central para que as instituições de maior porte injetem recursos em seus concorrentes pequenos e médios.


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