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Caixa lucra R$ 723 milhões no 3º trimestre
Valor é dez vezes maior que o de igual período de 2007, quando cresceu inadimplência na carteira de crédito
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Caixa Econômica Federal
lucrou R$ 723 milhões no terceiro trimestre do ano, valor
dez vezes maior do que o apurado no mesmo período de 2007.
Mesmo com o crescimento, o
resultado ainda fica distante
dos números alcançados pelos
principais bancos privados do
país -Itaú e Bradesco tiveram,
respectivamente, ganhos de R$
1,848 bilhão e R$ 1,910 bilhão
no trimestre passado.
A forte variação ocorrida em
relação ao lucro de 2007 é explicada pelas perdas que a Caixa teve no ano passado com o
aumento da inadimplência de
sua carteira de crédito, especialmente nos empréstimos para micro e pequenas empresas.
O atraso nos pagamentos
chegou a atingir 7,6% dos financiamentos a pessoas jurídicas no ano passado, mas em outubro essa proporção havia recuado para 2,8%.
Entre janeiro e setembro, a
Caixa lucrou R$ 3,266 bilhões
-mais 90% em relação ao ano
passado. Esse resultado, porém, se deve a fatores isolados
ocorridos no primeiro semestre deste ano, como a utilização
de R$ 820 milhões em crédito
tributário, que inflou o lucro do
segundo trimestre na mesma
proporção.
Se fosse descontado esse artifício contábil, o lucro da Caixa
teria crescido 30% entre janeiro e setembro deste ano. Para a
presidente da instituição, Maria Fernanda Ramos Coelho, os
números foram positivos e refletem, principalmente, o crescimento da carteira de crédito
do banco.
Mais crédito
No terceiro trimestre deste
ano, o saldo de empréstimos
concedidos pela Caixa subiu
8,8% em relação ao trimestre
imediatamente anterior, elevando o volume liberado para
R$ 69,2 bilhões.
Desse total, R$ 40,9 bilhões
correspondem a operações de
financiamento habitacional,
que tiveram crescimento de
4,6% no trimestre.
O vice-presidente de Controle da Caixa, Marcos Vasconcelos, diz que a expansão de crédito do banco é conseqüência de
um esforço maior em aumentar
os negócios com grandes empresas. Em meio à crise de escassez de crédito, o executivo
divulgou números de outubro
para tentar mostrar que, na
Caixa, a liberação dos recursos
continua normal.
No mês passado, segundo
Vasconcelos, a Caixa liberou
cerca de R$ 4,5 bilhões em financiamentos a empresas,
maior valor já alcançado pelo
banco em um único mês e aumento de 80% em relação à
média mensal, de R$ 2,5 bilhões, observada entre janeiro e
setembro deste ano.
As receitas obtidas com a cobrança de tarifas também se
mantiveram em alta. Entre julho e setembro, a Caixa faturou
R$ 5,519 bilhões com a prestação de serviços bancários, 4,3%
a mais do que no trimestre anterior.
Aquisições
Dias depois de anunciada a
fusão entre Itaú e Unibanco, o
vice-presidente de Finanças da
Caixa, Marcos Percival, disse
ontem que o banco estatal pretende usar a permissão concedida por medida provisória editada pelo governo no mês passado para comprar outras instituições financeiras, mas não
quis revelar nomes de possíveis
bancos que interessariam à
Caixa.
"No Brasil, vai haver um processo de concentração semelhante ao que está acontecendo
lá fora. Todos os bancos vão ter
de se preparar para essa maior
concorrência, e com os bancos
públicos não vai ser diferente",
afirmou.
Ele também disse que, desde
o mês passado, a Caixa já fechou a aquisição de cerca de R$
2,2 bilhões em carteiras de empréstimos mantidas por outros
oito bancos, numa ação que
tem sido estimulada pelo Banco Central para que as instituições de maior porte injetem recursos em seus concorrentes
pequenos e médios.
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