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Setor de bens de capital prevê queda em pedidos
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Com o anúncio de corte na
produção e revisão nos planos
de investimento de empresas
como Vale e Petrobras por conta da crise global, a indústria de
máquinas e equipamentos prevê que terá menos pedidos nos
próximos meses.
De acordo com o presidente
da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas
e Equipamentos), Luiz Aubert
Neto, os setores de óleo e gás,
açúcar e álcool, papel e celulose
e mineração respondem por
30% a 40% das compras do setor de bens de capital.
"Se você recebe a notícia de
corte de investimentos nesses
setores específicos, fica na dúvida se continua a investir ou
não, porque são grandes compradores de nossos produtos",
afirma Aubert.
Na semana passada, a Vale
anunciou que fará um corte de
produção de 30 milhões de toneladas de minério de ferro, ou
10% do total extraído pela empresa. Já a Petrobras pediu
contenção de gastos a seus funcionários. E, embora negue oficialmente, já há uma expectativa de que a estatal possa adiar
projetos em refinarias. Usinas
de álcool e açúcar que entrariam em funcionamento no
centro-sul também tiveram
seus projetos adiados.
"Essas notícias nos preocupam bastante. Especialmente
Petrobras e Vale são "players"
muito importantes para nós",
diz o presidente da Abimaq.
O setor de máquinas e equipamentos faturou R$ 7,94 bilhões em setembro deste ano
-crescimento de 15,7% na
comparação com agosto. Apesar da crise, a previsão da Abimaq é que seja registrado neste
ano crescimento de 25% na receita, uma vez que as carteiras
de pedidos para os próximos
meses estão fechadas.
"O receio que temos é com
relação à entrada de novos pedidos", diz Aubert.
No entanto, os subsetores de
máquinas têxteis e máquinas
gráficas já apresentam entre janeiro e setembro uma queda no
faturamento de 25,2% e 26,2%,
respectivamente, por conta do
ciclo de apreciação cambial verificado até agosto. Com o dólar
em um patamar baixo, ficava
mais barato importar os produtos inteiros em vez de investir
em máquinas para produzi-los.
Dólar
Com a disparada da moeda
norte-americana, houve queda
de 9,3% nas importações de
máquinas em setembro, em relação a agosto.
"Pelo que vimos, o câmbio já
começou a dar uma segurada
nas importações, especialmente da China", afirma o presidente da Abimaq.
Já as exportações continuam
em alta. Nos primeiros nove
meses do ano, as vendas externas do setor cresceram 17,9%,
mesmo com o câmbio apreciado. "É um milagre chegarmos a
essa taxa de crescimento das
exportações com o câmbio que
tínhamos", diz Aubert.
Para ele, porém, a alta recente do dólar não garante incremento a curto prazo, por conta
da volatilidade do câmbio.
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