São Paulo, quinta-feira, 06 de novembro de 2008

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Setor de bens de capital prevê queda em pedidos

PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Com o anúncio de corte na produção e revisão nos planos de investimento de empresas como Vale e Petrobras por conta da crise global, a indústria de máquinas e equipamentos prevê que terá menos pedidos nos próximos meses.
De acordo com o presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), Luiz Aubert Neto, os setores de óleo e gás, açúcar e álcool, papel e celulose e mineração respondem por 30% a 40% das compras do setor de bens de capital.
"Se você recebe a notícia de corte de investimentos nesses setores específicos, fica na dúvida se continua a investir ou não, porque são grandes compradores de nossos produtos", afirma Aubert.
Na semana passada, a Vale anunciou que fará um corte de produção de 30 milhões de toneladas de minério de ferro, ou 10% do total extraído pela empresa. Já a Petrobras pediu contenção de gastos a seus funcionários. E, embora negue oficialmente, já há uma expectativa de que a estatal possa adiar projetos em refinarias. Usinas de álcool e açúcar que entrariam em funcionamento no centro-sul também tiveram seus projetos adiados.
"Essas notícias nos preocupam bastante. Especialmente Petrobras e Vale são "players" muito importantes para nós", diz o presidente da Abimaq.
O setor de máquinas e equipamentos faturou R$ 7,94 bilhões em setembro deste ano -crescimento de 15,7% na comparação com agosto. Apesar da crise, a previsão da Abimaq é que seja registrado neste ano crescimento de 25% na receita, uma vez que as carteiras de pedidos para os próximos meses estão fechadas.
"O receio que temos é com relação à entrada de novos pedidos", diz Aubert.
No entanto, os subsetores de máquinas têxteis e máquinas gráficas já apresentam entre janeiro e setembro uma queda no faturamento de 25,2% e 26,2%, respectivamente, por conta do ciclo de apreciação cambial verificado até agosto. Com o dólar em um patamar baixo, ficava mais barato importar os produtos inteiros em vez de investir em máquinas para produzi-los.

Dólar
Com a disparada da moeda norte-americana, houve queda de 9,3% nas importações de máquinas em setembro, em relação a agosto.
"Pelo que vimos, o câmbio já começou a dar uma segurada nas importações, especialmente da China", afirma o presidente da Abimaq.
Já as exportações continuam em alta. Nos primeiros nove meses do ano, as vendas externas do setor cresceram 17,9%, mesmo com o câmbio apreciado. "É um milagre chegarmos a essa taxa de crescimento das exportações com o câmbio que tínhamos", diz Aubert.
Para ele, porém, a alta recente do dólar não garante incremento a curto prazo, por conta da volatilidade do câmbio.


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