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DIA SEGUINTE
Bovespa sobe 5,70% e acumula alta de 23,77% em quatro dias; fluxo cambial fica positivo em US$ 286 mi
Mercado reage com euforia à reforma
CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local
O mercado financeiro brasileiro
teve ontem um dia de euforia com
a votação dos destaques que faltavam na reforma da Previdência. Os
investidores passaram a apostar na
força do governo brasileiro para
aprovar as medidas fiscais.
Temendo perder dinheiro, os
que haviam tirado dólares do país
começam a trazê-los de volta, inclusive os brasileiros.
A Bolsa de Valores de São Paulo
subiu 5,70%, acumulando alta de
23,77% em quatro dias. Os juros
caíram e o dólar perdeu valor nos
mercados à vista e futuro.
A aprovação mais rápida do
ajuste significa queda dos juros
também rápida e ajuda do FMI e
dos países ricos mais imediata.
O índice Bovespa, das ações mais
negociadas, bateu em 8.092 pontos, o mais alto patamar desde 19
de agosto, pouco após a moratória
da Rússia, que aconteceu no dia 17
e desencadeou a crise financeira
internacional.
Os estrangeiros voltaram ao
mercado de ações e trouxeram
mais volume à Bolsa, que movimentou R$ 679,3 milhões.
"Quem havia apostado contra o
Brasil está desfazendo suas posições", diz Francisco Gimenez Neto, da NGO Corretora de Câmbio.
A entrada de dólares foi tão forte
ontem que o país teve fluxo cambial positivo, de US$ 286 milhões
até as 19h30. O mercado fecha às
21h30.
Em outubro, houve dias de entradas superiores a US$ 1 bilhão,
mas já previstas. Estrangeiros que
haviam comprado bancos ou empresas brasileiras trouxeram seus
recursos no mês passado.
Ontem, foi diferente. Houve
também entrada pelo Anexo 4, por
onde passa o investimento estrangeiro em Bolsa. Mas, o mais importante, houve entrada pela CC-5, a conta de não-residentes, de
US$ 12 milhões, por onde passam
os recursos de empresas brasileiras que tiram dinheiro do país. É a
primeira vez desde a moratória da
Rússia que isso acontece.
Pelo comercial, haviam entrado
US$ 296 milhões ontem. O ABN-Amro teria trazido parte do pagamento da compra do Banco Real e
o Deustche também teria internado recursos no país.
Pelo dólar flutuante, um segmento do dólar turismo que inclui
as CC-5, as saídas estavam em apenas US$ 10 milhões.
Os títulos da dívida externa brasileira tiveram forte recuperação,
com o C-bond, o título mais negociado, obtendo a cotação de 64,5%
do valor de face, com alta de mais
de um ponto percentual sobre o fechamento de anteontem, de
63,312%.
Os juros despencaram no mercado futuro, assim como as projeções de desvalorização cambial.
Os juros projetados para janeiro
na Bolsa de Mercadorias & Futuros, por exemplo, caíram de
28,72% anteontem para 27,14%
ontem. As projeções de valorização do dólar em relação ao real para este mês na BM&F caíram de
1,03% para 0,87%.
"O clima positivo nos EUA também é determinante para a inversão de expectativas no Brasil", diz
o especialista Manuel Maceira.
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