São Paulo, sexta, 6 de novembro de 1998

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DIA SEGUINTE
Bovespa sobe 5,70% e acumula alta de 23,77% em quatro dias; fluxo cambial fica positivo em US$ 286 mi
Mercado reage com euforia à reforma

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local

O mercado financeiro brasileiro teve ontem um dia de euforia com a votação dos destaques que faltavam na reforma da Previdência. Os investidores passaram a apostar na força do governo brasileiro para aprovar as medidas fiscais.
Temendo perder dinheiro, os que haviam tirado dólares do país começam a trazê-los de volta, inclusive os brasileiros.
A Bolsa de Valores de São Paulo subiu 5,70%, acumulando alta de 23,77% em quatro dias. Os juros caíram e o dólar perdeu valor nos mercados à vista e futuro.
A aprovação mais rápida do ajuste significa queda dos juros também rápida e ajuda do FMI e dos países ricos mais imediata.
O índice Bovespa, das ações mais negociadas, bateu em 8.092 pontos, o mais alto patamar desde 19 de agosto, pouco após a moratória da Rússia, que aconteceu no dia 17 e desencadeou a crise financeira internacional.
Os estrangeiros voltaram ao mercado de ações e trouxeram mais volume à Bolsa, que movimentou R$ 679,3 milhões.
"Quem havia apostado contra o Brasil está desfazendo suas posições", diz Francisco Gimenez Neto, da NGO Corretora de Câmbio.
A entrada de dólares foi tão forte ontem que o país teve fluxo cambial positivo, de US$ 286 milhões até as 19h30. O mercado fecha às 21h30.
Em outubro, houve dias de entradas superiores a US$ 1 bilhão, mas já previstas. Estrangeiros que haviam comprado bancos ou empresas brasileiras trouxeram seus recursos no mês passado.
Ontem, foi diferente. Houve também entrada pelo Anexo 4, por onde passa o investimento estrangeiro em Bolsa. Mas, o mais importante, houve entrada pela CC-5, a conta de não-residentes, de US$ 12 milhões, por onde passam os recursos de empresas brasileiras que tiram dinheiro do país. É a primeira vez desde a moratória da Rússia que isso acontece.
Pelo comercial, haviam entrado US$ 296 milhões ontem. O ABN-Amro teria trazido parte do pagamento da compra do Banco Real e o Deustche também teria internado recursos no país.
Pelo dólar flutuante, um segmento do dólar turismo que inclui as CC-5, as saídas estavam em apenas US$ 10 milhões.
Os títulos da dívida externa brasileira tiveram forte recuperação, com o C-bond, o título mais negociado, obtendo a cotação de 64,5% do valor de face, com alta de mais de um ponto percentual sobre o fechamento de anteontem, de 63,312%.
Os juros despencaram no mercado futuro, assim como as projeções de desvalorização cambial.
Os juros projetados para janeiro na Bolsa de Mercadorias & Futuros, por exemplo, caíram de 28,72% anteontem para 27,14% ontem. As projeções de valorização do dólar em relação ao real para este mês na BM&F caíram de 1,03% para 0,87%.
"O clima positivo nos EUA também é determinante para a inversão de expectativas no Brasil", diz o especialista Manuel Maceira.



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