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CRÉDITO
Governo teme falta de capital estrangeiro para mercados emergentes
Estatal pode pagar dívida com empréstimo interno
da Sucursal de Brasília
O governo autorizou as empresas estatais a tomar empréstimos
no mercado interno para pagar
suas dívidas externas que estão
vencendo.
Com a iniciativa, o governo procura se antecipar a uma possível
falta de capitais estrangeiros para
os mercados emergentes em 1999.
Na prática, o CMN abriu uma exceção ao limite de endividamento
das estatais em bancos dentro do
país, que poderá ser usada para cobrir até 80% dos empréstimos externos que estiverem vencendo.
Pelas regras em vigor, as estatais
federais, estaduais e municipais
são obrigadas a observar limites de
endividamento em bancos que
operam dentro do país.
O controle do endividamento
existe para conter o déficit público.
Com ele, o governo evita que estatais se endividem para gastar além
das receitas.
Agora, esse teto poderá ser superado, desde que o dinheiro levantado dentro do país seja usado para pagar até 80% das dívidas que
estejam vencendo no exterior.
Nesse caso, a estatal toma um
empréstimo em reais de um banco
no Brasil, converte o valor em dólares e envia o dinheiro para saldar
a dívida no exterior.
Desde a moratória russa, em
agosto passado, os investidores estrangeiros estão negando novos
empréstimos a empresas e governos de países emergentes.
Com essa solução, a estatal evita
o calote da dívida externa, mas
gasta mais com juros. As taxas de
empréstimo no Brasil são mais altas do que no exterior.
Para o país, essa troca de dívida
externa por dívida interna significa perda nas reservas em moeda
estrangeira do Banco Central.
"A medida é preventiva. Como
em 1999 teremos vencimento de
dívidas, decidimos deixar a porta
aberta. Não sabemos como estará
o mercado e não queremos criar
problemas para essas empresas",
disse o diretor do BC responsável
por assuntos da dívida pública,
Paolo Enrico Zaghen.
Ele disse não saber o volume de
dívida das estatais que vencerá em
1999. Considerando empresas privadas, estatais e governos, o volume de amortizações para 1999 é estimado pelo BC em US$ 25 bilhões.
O CMN também fechou brechas
legais que permitiam que instituições financeiras comprassem títulos diretamente de Estados e municípios, obtendo lucros elevados.
A partir de agora, esses papéis só
poderão ser comprados por meio
de leilões públicos.
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