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Marinho quer prazo para a valorização do mínimo
Política de reajuste, que pode ser pelo PIB per capita, seria avaliada periodicamente
Ministro do Trabalho diz que parâmetros de reajustes levariam em conta os indicadores da economia e das contas públicas
VALDO CRUZ
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do Trabalho, Luiz
Marinho, defende a adoção de
uma política de valorização do
salário mínimo com prazo de
validade determinado, que seria avaliada periodicamente. A
proposta será apresentada hoje
às centrais sindicais, que defendem o reajuste do mínimo de
R$ 350 para R$ 420.
"A idéia é estabelecer uma
política por um determinado
período de tempo, 15 anos, por
exemplo, em que seria adotada
uma política e depois você faria
uma avaliação de sua eficácia a
cada quatro anos", disse.
As avaliações quadrienais seriam feitas para redefinir os parâmetros de reajustes e levariam em conta os indicadores
da economia e das contas públicas. Se o déficit da Previdência subisse no período, por
exemplo, esse dado determinaria mudança nas regras. Se caísse, também.
O índice de correção a ser incluído nessa política, segundo
Marinho, estaria vinculado à
variação do PIB (Produto Interno Bruto). Segundo ele, pode ser um reajuste com base no
PIB per capita, na correção total do crescimento do PIB ou de
parte dele.
A estratégia do governo é
tentar definir uma política permanente de reajuste do mínimo nos próximos anos para escapar das batalhas anuais com a
oposição em torno do tema.
Uma tática usada pelo PT
quando estava na oposição,
mas que agora o prejudica no
comando do governo.
A linha proposta por Marinho está em consonância com o
que pedem as principais centrais sindicais do país, que hoje
apresentam justamente esse
pedido durante a 3ª Marcha pelo Salário Mínimo, na qual esperam 10 mil pessoas.
"Por que pedimos R$ 420?
Porque não há política permanente. Podia ser um valor menor que esse se tivéssemos uma
política de valorização para os
próximos anos", disse Arthur
Henrique da Silva Santos, presidente da CUT (Central Única
dos Trabalhadores).
Marinho, que também já presidiu a CUT, defende esse modelo justificando que ele dá
"previsibilidade" a todos os
agentes do mercado, inclusive
para a própria Previdência Social definir suas metas.
O ministro destacou que, no
primeiro mandato, o objetivo
do governo Lula foi recuperar o
valor do salário mínimo. Agora,
segundo ele, é preciso adotar
uma "política mais pé no chão".
Marinho lembra que o reajuste
real médio do salário mínimo
nos quatro anos do primeiro
mandato do presidente Lula ficará em 5,95%, acima da variação média anual do PIB no
mesmo período, que deve ficar
em 2,7%.
Oficialmente, o governo defende a correção do salário mínimo para R$ 367 em 2007,
equivalente à variação do PIB
per capita. Só que a primeira
proposta de Orçamento enviada pelo governo ao Congresso
previa um salário mínimo
maior, de R$ 375.
As centrais, apesar de defenderem o mínimo de R$ 420, sabem que esse valor não será
acatado pelo governo. A tendência é o governo tentar fechar um acordo em torno de
uma política permanente de
reajuste do mínimo e um valor
no próximo ano de R$ 375.
Segundo a Folha apurou, no
entanto, ainda não é consenso
dentro do governo a criação de
uma política permanente de
reajustes. A equipe econômica
ainda avalia a proposta.
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