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Lucro do BNDES chega a R$ 7,3 bi
Resultado acumulado até o terceiro trimestre do ano é 28% maior que o do mesmo período de 2006
Ganho supera o dos grandes bancos; instituição atribui resultado à recuperação de dívidas em atraso e à alta de ações que têm em carteira
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social) teve lucro de R$
2,854 bilhões no terceiro trimestre, elevando o resultado
acumulado neste ano para R$
7,329 bilhões, um crescimento
de 28% em relação ao mesmo
período de 2006.
O resultado acumulado até o
terceiro trimestre é maior que
o dos grandes bancos do país,
privados e públicos. Até o mês
de setembro, o Itaú lucrou R$
6,4 bilhões, e o Bradesco registrou resultado de R$ 5,8 bilhões. Maior instituição financeira do país, o Banco do Brasil
lucrou R$ 3,8 bilhões nos nove
primeiros meses do ano.
De acordo com a superintendente da área financeira do
banco, Maria Isabel Aboim, os
ganhos do BNDES têm sido impulsionados pela alta da Bolsa
de Valores, já que a instituição,
por meio do BNDESPar (braço
de investimentos do BNDES),
possui uma grande quantidade
de ações em sua carteira.
"Foi um resultado muito positivo. A economia brasileira
tem atravessado um momento
muito bom, e isso se reflete nos
números do banco", disse
Aboim. Segundo ela, o banco
obteve ganhos atípicos no trimestre com a recuperação de
dívidas em atraso.
Já os ganhos gerados com as
operações de crédito propriamente ditas não apresentaram
variação muito forte. Entre janeiro e setembro deste ano, essas transações proporcionaram
ao BNDES uma receita de R$
6,392 bilhões, crescimento de
4% em relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo Aboim, a rentabilidade da carteira de crédito do
banco não é tão alta como foi
em anos anteriores porque os
juros cobrados nos empréstimos estão em queda. A maioria
dos financiamentos do BNDES
é corrigida pela TJLP (Taxa de
Juros de Longo Prazo), que é fixada pelo governo e está hoje
em 6,25% ao ano -no começo
de 2006, estava em 9%.
O faturamento do banco com
operações de crédito foi bem
menor, por exemplo, que o do
Banco do Brasil, outra instituição financeira controlada pelo
governo federal e que não opera com as mesmas restrições
que o BNDES. Neste ano, as receitas obtidas pelo BB com a
sua carteira de crédito cresceram 18,6% e somaram R$
19,192 bilhões.
Em setembro passado, a carteira de empréstimos do
BNDES chegou a R$ 69,7 bilhões -um aumento de 5,8%
em relação a setembro do ano
passado.
Para o ano que vem, o banco
estatal procura fontes de recursos para expandir essa carteira
de crédito. Segundo o BNDES,
a idéia é liberar cerca de R$ 80
bilhões em financiamentos ao
longo de 2008, mas, desse total,
somente R$ 50 bilhões estariam garantidos, e o restante
precisaria vir de fontes alternativas.
Uma das possibilidades em
estudo pelo governo é usar o
próprio lucro do BNDES para
capitalizar o banco. Para isso, o
Tesouro Nacional abriria mão
de parte dos dividendos que poderia receber do banco. No ano
passado, esses repasses somaram R$ 3,041 bilhões.
Outra possibilidade seria
usar parte dos recursos das reservas internacionais do país
-hoje em cerca de US$ 179 bilhões- para financiar operações do BNDES no exterior. A
medida, porém, encontra resistência por parte do BC.
Mantega
No mês passado, quando o
Banco do Brasil anunciou lucro
no terceiro trimestre bastante
inferior ao dos seus concorrentes privados, o ministro Guido
Mantega (Fazenda) defendeu
ganhos menores para os bancos. "Eu diria que o ideal seria
que todo o sistema financeiro
brasileiro tivesse lucros um
pouco menores."
(NEY HAYASHI DA CRUZ)
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