São Paulo, quinta-feira, 06 de dezembro de 2007

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Lucro do BNDES chega a R$ 7,3 bi

Resultado acumulado até o terceiro trimestre do ano é 28% maior que o do mesmo período de 2006

Ganho supera o dos grandes bancos; instituição atribui resultado à recuperação de dívidas em atraso e à alta de ações que têm em carteira

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) teve lucro de R$ 2,854 bilhões no terceiro trimestre, elevando o resultado acumulado neste ano para R$ 7,329 bilhões, um crescimento de 28% em relação ao mesmo período de 2006.
O resultado acumulado até o terceiro trimestre é maior que o dos grandes bancos do país, privados e públicos. Até o mês de setembro, o Itaú lucrou R$ 6,4 bilhões, e o Bradesco registrou resultado de R$ 5,8 bilhões. Maior instituição financeira do país, o Banco do Brasil lucrou R$ 3,8 bilhões nos nove primeiros meses do ano.
De acordo com a superintendente da área financeira do banco, Maria Isabel Aboim, os ganhos do BNDES têm sido impulsionados pela alta da Bolsa de Valores, já que a instituição, por meio do BNDESPar (braço de investimentos do BNDES), possui uma grande quantidade de ações em sua carteira.
"Foi um resultado muito positivo. A economia brasileira tem atravessado um momento muito bom, e isso se reflete nos números do banco", disse Aboim. Segundo ela, o banco obteve ganhos atípicos no trimestre com a recuperação de dívidas em atraso.
Já os ganhos gerados com as operações de crédito propriamente ditas não apresentaram variação muito forte. Entre janeiro e setembro deste ano, essas transações proporcionaram ao BNDES uma receita de R$ 6,392 bilhões, crescimento de 4% em relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo Aboim, a rentabilidade da carteira de crédito do banco não é tão alta como foi em anos anteriores porque os juros cobrados nos empréstimos estão em queda. A maioria dos financiamentos do BNDES é corrigida pela TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), que é fixada pelo governo e está hoje em 6,25% ao ano -no começo de 2006, estava em 9%.
O faturamento do banco com operações de crédito foi bem menor, por exemplo, que o do Banco do Brasil, outra instituição financeira controlada pelo governo federal e que não opera com as mesmas restrições que o BNDES. Neste ano, as receitas obtidas pelo BB com a sua carteira de crédito cresceram 18,6% e somaram R$ 19,192 bilhões.
Em setembro passado, a carteira de empréstimos do BNDES chegou a R$ 69,7 bilhões -um aumento de 5,8% em relação a setembro do ano passado.
Para o ano que vem, o banco estatal procura fontes de recursos para expandir essa carteira de crédito. Segundo o BNDES, a idéia é liberar cerca de R$ 80 bilhões em financiamentos ao longo de 2008, mas, desse total, somente R$ 50 bilhões estariam garantidos, e o restante precisaria vir de fontes alternativas.
Uma das possibilidades em estudo pelo governo é usar o próprio lucro do BNDES para capitalizar o banco. Para isso, o Tesouro Nacional abriria mão de parte dos dividendos que poderia receber do banco. No ano passado, esses repasses somaram R$ 3,041 bilhões.
Outra possibilidade seria usar parte dos recursos das reservas internacionais do país -hoje em cerca de US$ 179 bilhões- para financiar operações do BNDES no exterior. A medida, porém, encontra resistência por parte do BC.

Mantega
No mês passado, quando o Banco do Brasil anunciou lucro no terceiro trimestre bastante inferior ao dos seus concorrentes privados, o ministro Guido Mantega (Fazenda) defendeu ganhos menores para os bancos. "Eu diria que o ideal seria que todo o sistema financeiro brasileiro tivesse lucros um pouco menores."
(NEY HAYASHI DA CRUZ)


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