São Paulo, quinta-feira, 06 de dezembro de 2007

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China aperta economia para conter PIB

Pequim anuncia mudança na política monetária de "prudente" para "apertada" para controlar inflação e crescimento

Apesar do maior rigor do Banco Central, país deve crescer cerca de 11% no ano que vem, com forte alta dos investimentos

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A China anunciou ontem que mudará sua política monetária no próximo ano de "prudente" para "apertada", na tentativa de controlar a inflação e evitar o superaquecimento da economia, que deve fechar 2007 com expansão de 11,6%.
Apesar do maior rigor, a previsão é que o país continue a crescer a uma taxa de dois dígitos. A Academia Chinesa de Ciências Sociais, ligada ao governo, prevê que o PIB do país em 2008 terá aumento próximo de 11%.
O Banco do Povo da China -o banco central do país- já adotou uma postura bem mais agressiva neste ano para controlar a quantidade de dinheiro em circulação na economia chinesa e o ritmo de crescimento do PIB.
A taxa de juros foi elevada cinco vezes, para 7,29%, e o volume de recursos que os bancos devem deixar imobilizados no BC, sem emprestar, subiu nove vezes.
Apesar das medidas, os investimentos continuaram a crescer de maneira acelerada. Em outubro, o indicador teve alta de 26,9%, patamar próximo aos dos meses anteriores. A mais baixa expansão nos investimentos, de 23,4%, foi registrada em fevereiro.
Com a provável desaceleração das economias norte-americana e européia em 2008, o mundo deverá depender mais da China para manter sua expansão.
Na avaliação do FMI (Fundo Monetário Internacional), o país asiático dará, já em 2007, a maior contribuição para o crescimento global, superior à dos Estados Unidos -a primeira vez em que isso ocorrerá.

Investimentos
A rápida expansão dos investimentos é uma das maiores preocupações do governo chinês. O temor é que a capacidade de produção cresça muito acima da demanda, o que poderia levar a uma brusca interrupção do ritmo de atividade e colocar o país em uma rota deflacionária. Os empréstimos bancários são uma das principais fontes de recursos para os investimentos e estão na mira da política monetária mais agressiva anunciada para 2008.
As diretrizes econômicas para o próximo ano foram divulgadas depois de reunião de três dias entre as principais autoridades do governo.
Além do risco de superaquecimento, a China teme o descontrole da inflação, que esteve na origem de ondas de descontentamento popular, como os protestos de 1989 na praça Tiananmen.
O Índice de Preços ao Consumidor começou a se acelerar em junho, quando atingiu 4,4% em 12 meses. No mês seguinte, subiu para 5,6% e, em agosto, chegou a 6,5%, a maior taxa em 11 anos. Depois de cair para 6,2% em setembro, o índice voltou a 6,5% no mês seguinte.
A Academia Chinesa de Ciências Sociais prevê que a inflação ficará em 4,5% em 2008 e continuará a ser um dos principais problemas para o governo. "As prioridades das políticas chinesas de controle macroeconômico em 2008 devem ser conter o rápido aumento do preço de ativos e amenizar as pressões inflacionárias", avalia o "Livro Azul" no qual a instituição faz previsões econômicas para o próximo ano.


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