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ANÁLISE
Crédito vai demorar a chegar
DA REPORTAGEM LOCAL
É bom conter os ânimos. As linhas de crédito ao comércio exterior só devem se normalizar no
país a partir da primeira quinzena
de março. Até lá, o mercado vai
continuar ávido por boas notícias
no cenário político e econômico-que justifiquem uma real
abertura de linhas à exportação
no Brasil.
É claro que a atual queda na cotação do dólar, frente ao real, cria
um cenário mais favorável aos refinanciamentos de empresas brasileiras -cercadas de dívidas em
moeda estrangeira (só em 2002,
cerca de US$ 8 bilhões foram renegociados com bancos porque
as companhias tiveram dificuldades para pagar os débitos lá fora).
Isso porque quanto maior a
oferta de moeda estrangeira no
mercado, menores os riscos de
falta de dólar e de novas renegociações na hora de quitar a dívida.
Mas um dólar nos atuais patamares não é o fator principal que
motivará a reabertura de linhas
em grande volume para o país.
É o que se comenta nos bancos
privados brasileiros de grande
porte. "Há um período de observação aí e o seu tempo será determinado, de certa forma, de maneira um pouco subjetiva", diz
um diretor de análise de crédito
de um banco estrangeiro. Para o
Itaú, por exemplo, a normalização virá até março.
Até ocorrerão liberações pontuais de crédito, como já se espera, em fevereiro -o que não deve,
porém, ser entendido como sinal
do início de um retorno substancial do crédito à exportação.
Na prática, o que se observa é
que as linhas de financiamento
pararam de sofrer redução. Já é
um avanço. Até porque os últimos dados não são nada animadores. O total de captações externas em 2002 somou pouco mais
de US$ 12 bilhões, informa a Anbid (Associação Nacional de Bancos de Investimentos).
O número é o menor dos últimos seis anos e representa uma
redução de mais da metade do total de US$ 28,5 bilhões de 2001.
O problema é que o fato de as linhas terem parado de sofrer redução, em si só, não basta.
O dinheiro continua caro. A taxa paga, ao ano, para se obter esses empréstimos ainda é muito
mais elevada (quase o dobro) daquela paga em períodos de maré
mais tranquila, como em 2000,
quando a média de rolagem de
débitos de empresa privada no
exterior chegou a 95%.
(ADRIANA MATTOS)
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