São Paulo, terça-feira, 07 de janeiro de 2003

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BALANÇO

Total produzido no país no ano passado alcançou 90 mil toneladas, mas o consumo interno alcança 235 mil toneladas

Produção de borracha cresce 5,9% em 2002

Gabriela Romeu - 4.nov.02/Folha Imagem
Látex é extraído de seringueira no povoado de Suruacá (PA); o extrativismo corresponde a menos de 10% da produção nacional


CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A produção nacional de borracha fechou 2002 com um crescimento de cerca de 5,9% em relação ao registrado no ano anterior, atingindo 90 mil toneladas, de acordo com a CNA (Confederação Nacional de Agricultura).
Em São Paulo, Estado responsável por quase metade da produção brasileira, houve aumento de aproximadamente 7%, segundo dados da Apabor (Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha).
O motivo para a expansão da heveicultura (cultivo de borracha) no país é a entrada de novos plantios em produção aliada ao incremento da produtividade das árvores mais antigas.
O preço da tonelada do produto também cresceu. Nos últimos 12 meses, o valor foi de 65%. Com isso, o preço está em torno de US$ 850. "Entre 1997 e 2001, os preços da borracha natural estavam muito deprimidos, cerca de US$ 500 por tonelada. Com o aumento crescente da demanda mundial pelo produto, os preços tendem a se manter em patamares elevados, o que significa uma excelente oportunidade para os heveicultores brasileiros", afirma Augusto Cameiro, pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), órgão ligado à USP.
O Brasil, que já foi o maior produtor e exportador de borracha natural do mundo até a década de 50, tornou-se importador do produto. Hoje, cerca de 65% das 235 mil toneladas consumidas anualmente no país são importadas.
A concorrência com os países do leste asiático e a saturação do sistema extrativista dos seringais na região amazônica levaram à queda da produção.
Hoje, porém, a borracha natural produzida em São Paulo e em alguns Estados do Centro-Oeste se modernizou. As plantas são fruto de melhoramento genético de espécimes brasileiros e asiáticos. Graças a isso, a produção nacional cresceu 70% nos últimos seis anos. O extrativismo na região amazônica corresponde a menos de 10% da produção nacional.
De acordo com Wanderley Sant'Anna, presidente da Apabor, os bons preços da borracha têm estimulado o plantio de novas árvores. Em 2002, foi plantado 1 milhão de mudas em São Paulo. A meta da associação é atingir 4 milhões neste ano.

Prós e contras
O principal entrave à expansão da heveicultura no Brasil é o tempo de retorno do investimento. Uma seringueira leva aproximadamente oito anos para estar apta à extração de látex. Logo, não é uma cultura recomendada para quem procura lucros rápidos.
"O cultivo de borracha deve ser apenas uma parte da renda do produtor", diz Cameiro.
Além dos preços atraentes para os produtores, a facilidade de manejo da cultura da borracha é outro fator que tem ajudado a aumentar a produção nacional.
Especialistas afirmam que a seringueira é bastante resistente a pragas. Associada à adoção de plantios multiclonais -que fazem que haja maior variedade de árvores e dificultam a disseminação de doenças-, o manejo torna-se ainda mais simples.
Outra vantagem é que a cultura não demanda irrigação.


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