São Paulo, terça-feira, 07 de janeiro de 2003

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ESTUDO

Renovação da pastagem por fogo diminui produtividade dos animais

Queimar pasto dá perda a produtor

JOSÉ SERGIO OSSE
DA REPORTAGEM LOCAL

A queima de pastagens no período de seca pode representar um prejuízo de R$ 796 por hectare para pecuaristas, segundo levantamento da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Gado de Corte. Ao atear fogo ao capim, o produtor deixa de produzir feno e silagem, o que representa uma perda de eficiência na produção de carne.
O levantamento, realizado pela pesquisadora Maria Ribeiro Araújo, mostra que o pecuarista pode aumentar a eficiência de sua produção se não queimar o capim e, em vez disso, produzir feno. Segundo ela, de um hectare de capim seco, é possível obter cerca de quatro toneladas de feno, que podem ser utilizadas como suplemento alimentar para os animais.
Essas quatro toneladas, diz, são suficientes para elevar em até 200 kg a produção de carne por hectare de rebanho, ou seja, cerca de 13,5 arrobas a mais por ha. Com a arroba a R$ 59, o produtor deixa de ganhar quase R$ 800 com a queima do pasto.
A queima das pastagens é realizada para "limpar" o pasto e forçar uma renovação do capim. Tendo sido queimado, ele volta a brotar com as primeiras chuvas após o período de seca. Isso é interessante no curto prazo pois oferece para os animais capim novo e limpo de plantas invasoras.
Esse capim novo, porém, não é mais tão nutritivo, segundo a Embrapa. Muito rico em água, em vez de em fibras, pode causar diarréia em animais novos, principalmente bezerros.
Outro problema derivado da queima das pastagens é a degradação constante do solo. O uso sistemático do fogo acaba por exaurir o solo de nutrientes e de microrganismos importantes para o capim. A partir daí, o capim começa a rarear e a sumir, com risco de a área se desertificar pela falta de cobertura e pela influência de ventos, sol e chuvas.
Para recuperar um hectare de pasto, o custo médio é de R$ 500. Esse investimento, segundo a Embrapa, demora em média três anos para dar retorno.
Além do uso do feno, o pecuarista tem outras formas de evitar a necessidade de queimar a pastagem. Uma delas é a diversificação das variedades de capim na propriedade, utilizando espécies mais resistentes à falta de chuvas.
Outra solução simples, apesar de mais custosa, é a adubação de formação e manutenção da pastagem, que garante a força ao capim para enfrentar a seca.


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