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EMPRESAS
Braskem e Ipiranga são alvos
Petrobras quer avançar no setor petroquímico
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A direção da Petrobras já definiu sua prioridade para 2004: aumentar a participação na petroquímica e participar da gestão de
empresas do setor. Para avançar
na estratégia, o alvo principal é a
compra da IPQ (Ipiranga Petroquímica) -que poderia levar à
reestatização da Copesul, central
de matérias-primas petroquímicas do Rio Grande do Sul.
A estatal também estuda aumentar sua fatia na Braskem, gigante brasileira do setor. Segundo
a Folha apurou, as duas negociações caminham paralelamente e
uma não exclui a outra. Estão, porém, mais avançadas as conversas
com as cinco famílias controladoras do Grupo Ipiranga.
Endividada por causa dos investimentos em petroquímica, a
Ipiranga quer sair do setor e focar
sua atuação na distribuição de
combustíveis. Com uma dívida
reestruturada de US$ 400 milhões, a IPQ está "sangrando" o
caixa do grupo, dizem analistas.
Com a IPQ, a Petrobras passaria
a controlar a Copesul, planta mais
moderna do setor. Se a aquisição
for concretizada, a Petroquisa
(braço petroquímico da estatal)
ficaria com 45% da Copesul.
Seria uma reestatização, já que a
companhia, uma ex-controlada
da Petroquisa, foi privatizada no
governo Collor (1990-1992).
Questionado sobre a possível
compra da IPQ, José Eduardo
Dutra, presidente da Petrobras,
afirmou, no mês passado, que a
Ipiranga é uma empresa que está
com dívidas, e a Petrobras quer
investir em petroquímica, havendo então uma "dedução lógica".
Oficialmente, a Ipiranga informou que não está mantendo negociações com a Petrobras.
Na Braskem, o caminho para a
entrada da estatal está aberto: a
Petroquisa tem 11,1% do capital
total da companhia (e 7,8% do capital votante), mas pode elevar
para 32% até 2005. Com isso,
equipararia sua participação à da
Odebrecht, que controla a empresa junto com o grupo Mariani.
Dutra tem dito que o caso será
decidido até 2005. Segundo ele, a
Braskem está endividada, mas
tem uma grande geração de caixa.
A estatal se mantém ainda hoje
como acionista das principais
empresas, mas não participa da
sua gestão. Para Dutra, é estratégico estar junto com sócios no comando das empresas.
A direção da Braskem vê na Petrobras a chance de melhorar seu
nível de endividamento, o acesso
a financiamentos externos e as
negociações com fornecedores.
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