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Economistas preveem queda de até 1,7% no PIB do 4º tri
Primeiros meses de 2009 também vão registrar retração, afirmam analistas
Se a economia se contrair até março, país estará em um cenário de recessão técnica, com queda do PIB por 2 trimestres seguidos
PEDRO SOARES
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
A retração do setor industrial
em novembro rebateu no PIB
(Produto Interno Bruto) do
quarto trimestre de 2008, que,
segundo estimativas de analistas, deve cair de 1% a 1,7% na
comparação com o terceiro trimestre. Os especialistas ouvidos pela Folha já acreditam
também numa queda no primeiro trimestre de 2009, o que
colocaria o país num quadro
"de recessão técnica".
"Os primeiros meses de
2009 vão ser ruins, com níveis
ainda altos de estoques. O PIB
sentirá esse impacto, e há uma
chance preponderante de uma
recessão técnica", afirma Bráulio Borges, da LCA.
Conceitualmente, um país
está em recessão quando o PIB
se contrai por dois trimestres
consecutivos na comparação livre de efeitos sazonais com o
trimestre anterior.
A indústria tem um forte peso no PIB. Incluindo construção civil e energia, o setor industrial responde por quase
30% das riquezas produzidas
no país e calculadas pelo IBGE.
Para Thaís Zara, da Rosenberg & Associados, o PIB também deve recuar neste trimestre. "É bem provável que o Brasil esteja em recessão técnica."
Já Claudia Oshiro, da Tendências, afirma que o risco não
está afastado, embora esse cenário ainda não se configure. A
consultoria projeta estabilidade do PIB no primeiro trimestre, após uma queda estimada
de 1,7% no último trimestre de
2008. Para este ano, a projeção
é de uma alta de 3,1%.
Desfavorável
Com ou sem recessão, o fato
é que 2009 começa num cenário mais desfavorável, especialmente para a indústria.
"A demanda não retomou o
ritmo suficiente. Ainda existem
estoques elevados. Não vai haver a tradicional recomposição
de estoques de início de ano, o
que retarda uma recuperação",
afirma Thaís Zara, da Rosenberg & Associados.
A LCA estima um recuo do
PIB de 1% neste primeiro trimestre. Para 2009, a expansão
deve atingir 3%.
Na opinião de Gilberto Braga, professor do Ibmec-Rio, os
dados mostram que, "se a economia mundial teve seu setembro negro, a indústria brasileira
teve seu novembro negro". Isso
resultará, segundo ele, numa
perda de 0,5 a 0,75 ponto percentual no PIB do último trimestre de 2008.
Em dezembro, a indústria
manteve a tendência negativa e
caiu 1,7% ante novembro, segundo Borges. Já Bruno Araújo, do Ipea, avalia que o setor
deve ter crescido "muito pouco" em dezembro, o que levou a
indústria a fechar 2008 com alta de 4,7%, mesmo patamar
acumulado até novembro.
Investimentos
Uma preocupação dos economistas é com a freada dos investimentos, que vinham liderando a expansão do PIB e asseguram um crescimento sustentável. A produção de bens de capital caiu 4% de outubro para
novembro, embora tenha mantido taxa positiva (3,6%) na
comparação com o mês de novembro de 2007.
Mas o "coração" dos investimentos produtivos já sinalizou
queda: a produção de máquinas
para a própria indústria cedeu
10,9% ante novembro de 2007.
Com a queda da confiança de
empresários, a situação deve se
agravar em 2009, segundo Armando Castelar, economista da
Gávea Investimentos.
"Em 2009, o desempenho de
bens de capital sofrerá drasticamente. Primeiro porque a
crise leva os empresários a suspender as decisões de investimento. Segundo porque vários
projetos de investimentos
eram de setores exportadores,
em especial mineração e siderurgia, que estão com a produção em queda devido à crise."
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