São Paulo, quinta, 7 de janeiro de 1999

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MERCADO FINANCEIRO

Moratória mineira derruba títulos da dívida

da Reportagem Local

O mercado financeiro subia ontem, até que o governador de Minas Gerais, Itamar Franco, decretou moratória da dívida estadual com o governo federal, por volta das 18h30. Os títulos da dívida externa despencaram, assim como a ação da Telebrás em Nova York.
Os investidores internacionais ficaram preocupados que o Brasil não consiga cumprir as metas de déficit público fixadas com o Fundo Monetário Internacional.
O pânico se espalhou também por causa de um título do governo mineiro lançado no mercado internacional, que vence no dia 10 de fevereiro, de US$ 100 milhões. Os estrangeiros temem que esse título não seja honrado, apesar de os bancos que operam no Brasil insistirem que o risco é mínimo.
Há temores entre os estrangeiros de que o "efeito Itamar" chegue a outros Estados do país, o que poderia complicar ainda mais as metas com o FMI. O governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra, já declarou que não vai pagar parcela da dívida com o governo federal que vence no dia 15.
O C-bond, o título da dívida externa brasileira federal mais negociado, estava cotado a 62,375% do valor de face quando a notícia da moratória mineira chegou ao mercado. Despencou e terminou o dia a 60,25%, contra o fechamento de 61,75% de anteontem.
As ações de Telebrás negociadas em Nova York, cuja Bolsa fecha às 19h de São Paulo, estavam a US$ 81,50. Quando os investidores tomaram conhecimento da decisão de Itamar, caíram para US$ 77,88.
A Bolsa de Valores de São Paulo não foi afetada ainda pela moratória mineira, anunciada após o seu fechamento, às 18h. Animada com as fortes altas na Bolsa de Nova York, Europa e Japão e pelas perspectivas positivas de aprovação da CPMF, subiu 3,09%. O volume financeiro melhorou, batendo nos R$ 359,44 milhões.
O fluxo cambial continuou negativo ontem. Até as 19h, haviam saído US$ 180 milhões, US$ 160 milhões pelo mercado de dólar comercial e financeiro e mais US$ 20 milhões pelo mercado de dólar flutuante, um segmento do turismo. Anteontem, a evasão de divisas foi de US$ 200 milhões.
O Banco Central atuou no mercado de dólar comercial e alterou a minibanda cambial, a faixa informal de variação do dólar. Desvalorizou o real em 0,08% no piso e no teto. (CRISTIANE PERINI LUCCHESI)


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