UOL


São Paulo, sexta-feira, 07 de fevereiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUSÃO NO AR

Companhias assinam documento que pode levar a união em seis meses; governo pode dar ajuda financeira

Varig e TAM anunciam uma nova empresa

Antônio Gaudério/Folha Imagem
Aviões da Varig e da TAM se cruzam no aeroporto de Congonhas (SP), no dia em que as empresas anunciaram uma fusão


ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Varig e a TAM assinaram ontem, em Brasília, um documento para que nos próximos seis meses as duas empresas passem a ser uma só. O governo, que acompanha as negociações, poderá dar ajuda financeira por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Para o sucesso do negócio, ainda é preciso fazer estudos que demonstrem a viabilidade da união das duas maiores companhias áreas brasileiras -juntas, dominam quase 70% do mercado nacional. O governo vê o negócio como o primeiro passo para a solução da crise na aviação civil.
"O que se busca é, por meio da criação de uma nova empresa, que congregue a Varig e a TAM, um melhor desempenho para o setor de transporte aéreo", afirmou o presidente do Varig, Manuel Guedes, após assinar o protocolo de entendimento, na presença dos ministros da Defesa, José Viegas, e do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. O presidente da TAM, Daniel Mandelli, também assinou o documento.
A TAM e a Varig esperam que o negócio entre as duas empresas atraia novos investidores para capitalizar as empresas. "Poderão participar investidores nacionais, oficiais [governo] ou estrangeiros", afirmou Mandelli.
O protocolo de entendimento entre as duas empresas não prevê inicialmente nenhuma operação conjunta antes da fusão dos negócios. A Varig e a TAM continuarão a operar como companhias independentes até a conclusão dos estudos de viabilidade do negócio. Dessa forma, para os usuários, não deve ocorrer nenhum tipo de mudança. A Gol e a Vasp, principais concorrentes, se recusaram a comentar o negócio.
Segundo Mandelli, ainda não está decidido, caso os entendimentos entre as duas companhias avancem, se seria criada uma nova empresa ou se haveria a fusão entre a Varig e TAM por meio de uma holding [empresa que controlaria a operação das outras duas].
Qualquer que seja a solução final, Guedes e Mandelli pretendem usar as marcas Varig e TAM nas operações conjuntas -embora não saibam ainda como. "A marca é uma questão comercial", disse Guedes. Segundo Mandelli, "a questão da marca será tratada sem desprestigiar nenhuma das duas". A decisão de que nome usar em cada uma das rotas será baseada em estudos de mercado.
Devido ao tamanho da operação, o negócio entre a Varig e a TAM precisará da aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), um tribunal que julga questões relativas à concorrência. Segundo a lei antitruste, qualquer operação entre empresas que faturam mais de R$ 400 milhões por ano ou que leve ao controle de pelo menos 20% de um setor precisa ser aprovada.
"Resolveremos o problema do Cade. O Cade é um órgão que precisa ser levado em conta", disse Viegas. Varig e TAM faturaram em 2001 cerca de R$ 3,97 bilhões, segundo estimativas das duas empresas.

Estímulo
A fusão está sendo estimulada pelo governo. A idéia é diminuir os custos de operação e o número de vôos. "No caso do Brasil, o setor vem padecendo de um excesso de oferta que gira em torno de 35% a 40%", disse Furlan.
Ele afirmou ainda que as empresas do setor estão tendo prejuízo com a alta do preço dos combustíveis e a desvalorização do real.
Ontem foi dado apenas o primeiro passo para o negócio. Ainda é preciso analisar como será feita a união de duas empresas altamente endividadas. A Varig deve cerca de US$ 800 milhões. A TAM não tem dívida atrasadas, mas paga cerca de US$ 20 milhões por mês para empresas de leasing das quais aluga os aviões.


Texto Anterior: Painel S/A
Próximo Texto: Governo pressionou assinatura do acordo
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.