|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VIZINHO EM CRISE
Decisão foi tomada a pedido de credores; depósitos e hangares pertencem à Força Aérea e à Armada do país
Juiz bloqueia bens da Argentina nos EUA
CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Um juiz do Estado americano
de Maryland determinou, a pedido de credores da dívida argentina em default, o congelamento de
dois depósitos para embarcação e
dois hangares da Argentina nos
Estados Unidos.
Trata-se da primeira ação aplicada contra bens argentinos no
exterior em resposta a demandas
de credores privados em tribunais
daquele país.
Os bens, avaliados em US$ 3 milhões, pertencem à Força Aérea e
à Armada argentina e, segundo o
Ministério da Defesa, eram usados habitualmente para estocagem de mercadorias em trânsito
ou em reparação.
O nome do juiz que emitiu a
sentença não foi divulgado. Conforme a Folha apurou, o pedido
de congelamento partiu de um
fundo de investimentos com sede
nas Ilhas Cayman, o NML Capital.
O valor da ação, segundo o diário
"Clarín", é de US$ 270 milhões.
O governo argentino deve recorrer da decisão, dentro de um
prazo de até 30 dias.
A Argentina sofre uma série de
processos judiciais por parte de
credores portadores de títulos da
dívida em default desde dezembro de 2001, que pedem o embargo dos bens argentinos nos Estados Unidos como forma de reaver
seus investimentos.
Desde a semana passada, os embargos estão autorizados por conta de uma decisão do juiz de Nova
York Thomas Griesa a favor do
fundo de investimentos EM Limited. O juiz condenou a Argentina
a pagar US$ 700 milhões ao fundo
como compensação por perdas
causadas pelo default.
Até agora, a estratégia do governo para evitar os embargos vinha
sendo negar a existência de bens
embargáveis e sustentar que bens
diplomáticos estão protegidos
por legislação internacional.
Prioridade
Ontem, o governo argentino se
empenhou em diminuir a importância do caso e explicar que a decisão do juiz de Maryland não
constitui um embargo.
"É uma reserva de prioridade
para o caso de que em algum momento existam embargos. Isto é,
alguém disse "se o juiz em algum
momento conceder embargos, eu
sou o primeiro'", disse o ministro
da Economia, Roberto Lavagna,
para depois relativizar: "Isso para
nós não tem nenhuma relevância".
"Essa novidade de hoje não provoca ao governo nada em particular", disse o chefe de Gabinete, Alberto Fernández. "Está dentro do
esperado, do previsível."
"Isso tem mais a ver com uma
pressão para o pagamento da dívida do que uma medida efetiva",
concordou o ministro da Defesa,
José Pampuro.
A decisão impossibilita, no entanto, que o Estado argentino disponha dos bens. Segundo Pampuro, trabalhadores não tiveram
acesso aos locais.
O ministério disse que as Forças
Armadas estão fazendo um levantamento para se certificar se há
outros bens nos EUA que também possam vir a ser congelados.
Texto Anterior: Panorâmica - Privatização: Bradesco e Itaú se inscrevem para participar do leilão do BEM na terça Próximo Texto: Frases Índice
|