|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Senado dos EUA reduz pacote de Obama
Senadores fecham acordo provisório para votar plano de US$ 780 bi, abaixo dos US$ 920 bi que chegaram a ser discutidos inicialmente
Acerto ocorreu após Obama ter considerado a demora no Congresso "indesculpável" e no dia em que foi anunciado desemprego recorde no país
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Depois de uma semana de
discussão e da elevação da temperatura entre o Legislativo e o
Executivo norte-americano, o
Senado chegou a um "acordo
provisório" em relação ao pacote de estímulo econômico proposto pelo presidente Barack
Obama, segundo relatos vindos
do Congresso no fim da noite
de ontem. A votação deve ocorrer neste fim de semana.
Pelo acordo fechado entre os
senadores, o pacote ficará em
US$ 780 bilhões, menor do que
a versão aprovada pela Câmara
dos Representantes (deputados federais) há duas semanas e
US$ 140 bilhões abaixo do máximo que chegou a ser discutido no Senado. Ainda assim, é
um valor superlativo -o equivalente ao PIB (Produto Interno Bruto) da Holanda, 16ª economia do mundo.
A tentativa de acordo chega
depois de um grupo de 20 senadores moderados de ambos os
partidos ter trabalhado nas 736
páginas do plano para aparar
gastos considerados excessivos
pelos republicanos e aumentar
as iniciativas que cortam impostos, que hoje estariam representando 42% do total, ou
US$ 328 bilhões.
Na lista dos programas excluídos, estariam a implantação de banda larga de internet
em zonas rurais e a adaptação
climática de prédios públicos,
dois projetos caros a Obama,
além de cortes na ajuda a governos estaduais, que penam para
fechar as contas públicas em
meio à crise. Na noite de quinta, o presidente havia dito que
ele ficaria satisfeito com a aprovação de um pacote "em torno
de US$ 800 bilhões".
Até a conclusão desta edição,
não estava claro se houve nova
modificação na emenda chamada "Buy American" (compre
produtos americanos, em tradução livre), considerada protecionista, que exige que todo
aço, ferro e produtos manufaturados usados nas obras de infraestrutura sejam de fabricação nacional.
Na quarta-feira, a versão no
Senado fora atenuada em relação à aprovada na Câmara, permitindo que os produtos sejam
comprados também de países
que tenham acordo comercial
com os Estados Unidos, o que
excluiria o Brasil.
"Indesculpável"
O anúncio chega após duas
semanas de negociações de
Obama com o Congresso, conversa que nos últimos dois dias
mudou de tom.
"É indesculpável e irresponsável ficarmos presos a distrações e atrasos enquanto milhões de norte-americanos estão sendo mandados embora
de seus empregos", disse o democrata ontem, no mesmo dia
em que foi divulgado o fechamento de 598 mil vagas em janeiro nos EUA . "É hora de o
Congresso agir."
A fala de ontem e a da noite
anterior, na reunião anual do
Partido Democrata em Virgínia, lembraram seus discursos
de campanha mais incisivos,
que haviam sido abandonados
desde a eleição em favor de um
enfoque mais conciliatório. "Se
continuarmos a arrastar o pé e
deixarmos de agir, a crise vai virar uma catástrofe", disse.
Há hoje 56 senadores democratas e 2 independentes que
votam com a situação, ante 41
republicanos e 1 assento ainda
em disputa. O partido do presidente precisa de 60 votos para
passar a medida. Especulava-se
que três republicanos moderados fechariam voto com a situação e que o democrata Ted
Kennedy, que se trata de um
câncer no cérebro, viria ao plenário pela primeira vez desde a
posse de Obama para votar.
Se o plano for aprovado, líderes das duas Casas se sentam
juntos para chegar a uma linguagem comum para o pacote
de estímulo econômico e o enviam para assinatura de Obama, o que pode acontecer em
dez dias.
Seja qual for o valor final, o
pacote será "15% ineficaz", segundo o Nobel Paul Krugman,
em palestra ontem em Washington: "É preciso programas
que aumentem o gasto".
Texto Anterior: César Benjamin: Viva Evo Próximo Texto: País tem o maior corte de vagas desde 1974 Índice
|