São Paulo, sábado, 7 de fevereiro de 1998

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TELECOMUNICAÇÕES
Interessados estão refazendo estudos sobre o mercado; em janeiro, dois já desistiram definitivamente
Consórcios poderão desistir da banda B

ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio

Os dez consórcios internacionais que disputam a concorrência pública para compra das concessões da telefonia celular privada (banda B) no país estão refazendo seus estudos sobre o mercado e alguns podem abandonar a licitação.
No final do mês passado, dois consórcios saíram definitivamente da concorrência (Avantel e Hutchison Cowan) e um terceiro -Telet- desistiu de competir pela concessão em Minas Gerais.
O que explica a debandada? A banda B deixou de ser um bom negócio?
O governo dividiu o país em dez áreas de concessão para a telefonia celular privada. Não houve interesse pela exploração do serviço na região Norte e falta definir os vencedores em cinco áreas: interior de São Paulo, Rio e Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina e Paraná.
Há, entre os dirigentes dos consórcios, o consenso de que as perspectivas de mercado mudaram muito desde abril de 97, quando, protegidos por forte esquema de segurança, eles entregaram ao Ministério das Comunicações suas propostas técnicas e de preço para a compra das concessões.
Na ocasião, previa-se que em dez meses estariam concluídas as licitações para oito das dez áreas de concessão. Não foi o que aconteceu. Até agora, o governo só concluiu as licitações para a Grande São Paulo, Centro-Oeste, Bahia e Sergipe e o restante do Nordeste.
O processo está parado desde agosto último, quando foram abertas as propostas para o interior de São Paulo (área 2). A comissão de licitação declarou vencedor o consórcio Tess (Construtora CR Almeida, a sueca Telia e a Eriline, de São Paulo) que, em seguida, foi desclassificado pelo ministro Sérgio Motta, das Comunicações, originando uma batalha judicial que até hoje se arrasta no Superior Tribunal de Justiça.
Enquanto o STJ não decide quem levará a concessão no interior de São Paulo, a licitação nos demais Estados continua parada e a banda B, segundo quatro consórcios ouvidos pela Folha, vai perdendo a atratividade.
Para evitar uma debandada dos consórcios, o Ministério das Comunicações tenta apressar a licitação. O ministro Sérgio Motta decidiu não recorrer ao Supremo Tribunal Federal para contestar decisões do STJ.
Os consórcios Brascom (Andrade Gutierrez, Monteiro Aranha, Southwestern Bell e Mannesmann) e GFTT (grupo Evadin, France Telecom e fundos de investimentos) confirmaram que estão refazendo seus estudos para verificar se o mercado ainda justifica os preços propostos em abril de 97.
"Muita coisa mudou. A crise asiática encareceu os empréstimos e as empresas do sistema Telebrás não ficaram paradas à espera do concorrente. Continuaram investindo. Em alguns Estados, como Minas Gerais, a banda B terá muita dificuldade para competir com o serviço estatal", declara Otávio Azevedo, presidente da AG Telecom, integrante do Brascom.
Dois fatores influenciam a decisão dos consórcios: a privatização da telefonia celular estatal ainda no primeiro semestre e o reajuste das propostas da banda B no início de abril próximo.
Pelo edital da banda B, decorrido um ano do início da concorrência, os preços serão corrigidos e acrescidos de 1% de juro ao mês, o que dará, segundo executivos, algo em torno de 20% de aumento.



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