São Paulo, sexta-feira, 07 de março de 2008

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País receberá US$ 70,5 bi neste ano, dizem bancos

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O Brasil deve fechar 2008 com um saldo positivo (entradas menos saídas) de US$ 70,5 bilhões em investimento produtivos, financeiros e especulativos do exterior. Embora abaixo do nível de US$ 79,5 bilhões de 2007, esses ingressos apontam para uma retomada da confiança no país desde outubro, quando ficaram claros os sinais da atual crise internacional. Devem ainda manter a atual pressão de desvalorização sobre o dólar.
Do total previsto, US$ 12 bilhões serão em investimentos voltados ao setor produtivo, valor US$ 4 bilhões menor do que em 2007. Para o mercado acionário e outros investimentos financeiros e especulativos, a cifra deve atingir US$ 23 bilhões (US$ 24,8 bilhões em 2007).
As estimativas foram divulgadas pelo IIF (Instituto de Finanças Internacionais, na sigla em inglês) em seu primeiro encontro na América Latina, realizado ontem e hoje, no Rio de Janeiro. O IIF reúne 370 das maiores instituições financeiras de 65 países.
Alguns fatores, segundo o IIF, manterão firme o ingresso de dinheiro entre os emergentes: melhoras macroeconômicas estruturais; queda do juro nos EUA, o que leva investidores a procurarem países com taxas mais elevadas (o Brasil é recordista nesse quesito); expectativa de inflação maior entre muitos países, forçando alta nos juros; e uma não-interrupção do fluxo de empréstimos bancários para os emergentes.
Além dos números relativos aos mercados emergentes, a principal discussão entre os banqueiros ontem foi o quanto América Latina, Ásia e Brasil podem esperar um "deslocamento" da atual fase de desaquecimento nas principais economias dos mundo. Pelo conjunto da discussão, não deveriam contar com isso.
"Ainda há uma correção séria em curso. Ela está longe de ter acabado. O contágio pode vir com força renovada mais à frente", afirmou o presidente do Citibank, Bill Rhodes, vice-presidente do IIF. O banco que comanda é um dos grandes afetados pela atual crise.
Mesmo assim, o IIF revisou para cima quase todas as projeções de fluxos de capitais para os países emergentes em relação à estimativa de outubro, quando a atual crise internacional ganhou corpo.
No total, os mercados emergentes mundiais devem receber cerca de US$ 731 bilhões neste ano. O valor supera em US$ 140 bilhões o de projeção feita em outubro. Em relação ao fluxo total de 2007, ele é cerca de US$ 50 bilhões menor.
Em relação ao total, a China continuará absorvendo a maior fatia, cerca de US$ 88 bilhões. O valor é praticamente igual ao de 2007. Já levando em conta os investimentos especulativos, o IIF estima que Brasil e Índia ficarão à frente na captação desses recursos.
Já a América Latina como um todo deverá manter praticamente inalterado (em torno de US$ 129 bilhões) o saldo de fluxos de capital neste ano. Para o IIF, os investimentos produtivos na região continuarão perseguindo países e áreas produtoras de commodities.
Em relação à queda dos fluxos para o Brasil neste ano ante os totais de 2007, o economista-chefe do IIF, Yusuke Horiguchi, afirmou que isso se deve a uma expectativa de um número menor de IPOs (oferta primária de ações no mercado de capitais) neste ano. Segundo ele, os investidores também aproveitaram bem mais em anos passados os juros bastante elevados no país.


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