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País receberá US$ 70,5 bi neste ano, dizem bancos
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
O Brasil deve fechar 2008
com um saldo positivo (entradas menos saídas) de US$ 70,5
bilhões em investimento produtivos, financeiros e especulativos do exterior. Embora abaixo do nível de US$ 79,5 bilhões
de 2007, esses ingressos apontam para uma retomada da
confiança no país desde outubro, quando ficaram claros os
sinais da atual crise internacional. Devem ainda manter a
atual pressão de desvalorização
sobre o dólar.
Do total previsto, US$ 12 bilhões serão em investimentos
voltados ao setor produtivo, valor US$ 4 bilhões menor do que
em 2007. Para o mercado acionário e outros investimentos financeiros e especulativos, a cifra deve atingir US$ 23 bilhões
(US$ 24,8 bilhões em 2007).
As estimativas foram divulgadas pelo IIF (Instituto de Finanças Internacionais, na sigla
em inglês) em seu primeiro encontro na América Latina, realizado ontem e hoje, no Rio de
Janeiro. O IIF reúne 370 das
maiores instituições financeiras de 65 países.
Alguns fatores, segundo o
IIF, manterão firme o ingresso
de dinheiro entre os emergentes: melhoras macroeconômicas estruturais; queda do juro
nos EUA, o que leva investidores a procurarem países com
taxas mais elevadas (o Brasil é
recordista nesse quesito); expectativa de inflação maior entre muitos países, forçando alta
nos juros; e uma não-interrupção do fluxo de empréstimos
bancários para os emergentes.
Além dos números relativos
aos mercados emergentes, a
principal discussão entre os
banqueiros ontem foi o quanto
América Latina, Ásia e Brasil
podem esperar um "deslocamento" da atual fase de desaquecimento nas principais economias dos mundo. Pelo conjunto da discussão, não deveriam contar com isso.
"Ainda há uma correção séria
em curso. Ela está longe de ter
acabado. O contágio pode vir
com força renovada mais à
frente", afirmou o presidente
do Citibank, Bill Rhodes, vice-presidente do IIF. O banco que
comanda é um dos grandes afetados pela atual crise.
Mesmo assim, o IIF revisou
para cima quase todas as projeções de fluxos de capitais para
os países emergentes em relação à estimativa de outubro,
quando a atual crise internacional ganhou corpo.
No total, os mercados emergentes mundiais devem receber cerca de US$ 731 bilhões
neste ano. O valor supera em
US$ 140 bilhões o de projeção
feita em outubro. Em relação
ao fluxo total de 2007, ele é cerca de US$ 50 bilhões menor.
Em relação ao total, a China
continuará absorvendo a maior
fatia, cerca de US$ 88 bilhões. O
valor é praticamente igual ao de
2007. Já levando em conta os
investimentos especulativos, o
IIF estima que Brasil e Índia ficarão à frente na captação desses recursos.
Já a América Latina como
um todo deverá manter praticamente inalterado (em torno
de US$ 129 bilhões) o saldo de
fluxos de capital neste ano. Para o IIF, os investimentos produtivos na região continuarão
perseguindo países e áreas produtoras de commodities.
Em relação à queda dos fluxos para o Brasil neste ano ante
os totais de 2007, o economista-chefe do IIF, Yusuke Horiguchi, afirmou que isso se deve
a uma expectativa de um número menor de IPOs (oferta
primária de ações no mercado
de capitais) neste ano. Segundo
ele, os investidores também
aproveitaram bem mais em
anos passados os juros bastante
elevados no país.
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