São Paulo, sexta-feira, 07 de março de 2008

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Petrobras não vê reajuste em 2008

Para Gabrielli, "provavelmente" não haverá aumento da gasolina neste ano, apesar de recordes do petróleo

Executivo argumenta que apreciação do real compensa a alta da cotação em dólar e que mercado nacional impõe concorrência com o álcool

PEDRO DIAS LEITE
DE LONDRES

O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse ontem em Londres que "provavelmente" não haverá aumentos no preço da gasolina no Brasil neste ano, apesar dos recordes na cotação internacional do petróleo. O último reajuste nas refinarias foi no final de 2005. "O Brasil está protegido, porque não passamos todos os altos e baixos para os preços", disse, na sede da empresa.
Os argumentos pela manutenção dos preços, mesmo neste momento de alta e de instabilidade das cotações, é a peculiaridade do mercado brasileiro e a posição da Petrobras nesse cenário, argumenta Gabrielli.
Segundo ele, a valorização do real nos últimos tempos de certa forma compensa a alta do preço em dólar, além da competição com o álcool e o gás natural num mercado em que a maioria dos carros aceita vários combustíveis. Uma alta na gasolina pode levar a uma perda da fatia do mercado que não compensa, disse ele. Além disso, um aumento também poderia elevar ainda mais a adulteração de combustíveis em alguns pontos, segundo ele.
Para especialistas, a política de não-repasse dos reajustes vem afetando os lucros da Petrobras. A estatal teve queda de 17% no lucro do ano passado em relação a 2006, de R$ 25,919 bilhões para R$ 21,512 bilhões -mesmo assim, continuou sendo a que mais lucrou no ano passado, entre todos os setores.
Gabrielli tem um encontro com investidores e líderes empresariais hoje, na segunda etapa de uma viagem por três países. Antes do Reino Unido, esteve nos Estados Unidos e depois seguirá para a Líbia.
Nessas conversas, o brasileiro deve destacar a defesa dos biocombustíveis. Ele minimizou as críticas sobre um possível impacto desse tipo de combustível no preço mundial dos alimentos, mas afirmou que o Brasil não planeja nenhuma campanha mais forte para rebater essa imagem negativa.

Laptops
Gabrielli aproveitou para criticar a imprensa no episódio do furto dos laptops com informações sigilosas da empresa. "Os dados eram importantes, mas não como a imprensa falou. Eram dados crus, seria muito difícil alguém ter extraído alguma informação dali. Não tinha nada de segurança nacional."
No início do caso, o Planalto chegou a classificar o caso de "grave" porque poderia envolver espionagem industrial. Após a confirmação de crime comum, os ministros da Justiça, Tarso Genro, e do Gabinete de Segurança Institucional, Jorge Felix, divulgaram nota afirmando, mesmo assim, "que o fato se reveste de gravidade" e que o sistema de guarda e segurança revelou "fragilidade".


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