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Queda no petróleo reduz lucro da Petrobras
Ganhos da empresa recuam 32% no 4º trimestre em relação aos três meses anteriores; no ano, resultado foi recorde
Lucro da petrolífera cresce 58% e atinge R$ 34 bi em
2008; em comparação ao
quarto trimestre de 2007,
ganhos aumentaram 46%
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Afetado pela queda do preço
do petróleo, o lucro da Petrobras caiu 32% no quatro trimestre do ano passado na comparação com os três meses imediatamente anteriores. O resultado passou de um recorde de
R$ 10,9 bilhões no terceiro trimestre para R$ 7,4 bilhões.
No acumulado de 2008, a Petrobras registrou, porém, seu
maior lucro da história: R$ 33,9
bilhões, com expansão de 58%
ante 2007. Se for usado padrão
contábil novo, o lucro anual foi
de R$ 33 bilhões. Em relação ao
quatro trimestre de 2007, o resultado também foi positivo,
com alta de 46%.
Segundo o diretor financeiro
da Petrobras, Almir Barbassa, a
redução do preço do petróleo
explica a retração do lucro trimestral. Isso porque a companhia, diz, formou estoques com
custos mais altos e foi obrigada
a "desovar"" petróleo com valores mais baixos a partir de setembro -quando os preços
despencaram com a crise.
Barbassa disse, porém, que o
tal efeito não é recorrente nem
representa uma piora dos indicadores operacionais da companhia, já que as vendas se
mantiveram no mesmo padrão
histórico para o período -sem
ainda refletir o efeito da crise-
e a produção cresceu.
Somente esse efeito negativo
dos estoques mais caros reduziu o lucro do quatro trimestre
em R$ 2,7 bilhões. Esse fator
extraordinário elevou o custo
dos produtos vendidos em 65%
no último trimestre. O executivo ressaltou, porém, o desempenho positivo do ano fechado.
"2008 como um todo foi um
ano positivo, quando lucramos
mais, produzimos mais e vendemos mais." Em todo ano passado, a produção de óleo e gás
subiu 5%. No período, o faturamento cresceu 36% e atingiu
R$ 232,2 bilhões. Segundo Barbassa, o bom desempenho
anual é decorrente da alta do
petróleo -que na média do ano
ficou maior do que em 2007- e
da expansão da produção.
A cotação do petróleo do tipo
Brent passou de um pico de
US$ 121 o barril no segundo trimestre de 2007 para US$ 55 no
último trimestre -agora, está
num patamar pouco superior a
US$ 40. Com a forte alta do petróleo, diz Barbassa, cresceu o
deságio do preço médio do petróleo da Petrobras em relação
ao Brent, referência internacional. A diferença foi de US$ 11
em 2007 para US$ 15 em 2008.
Balança
Os elevados preços do petróleo -cuja média de 2008 ficou
em US$ 97- levaram a Petrobras a registrar um déficit de
US$ 928 milhões em sua balança comercial. Em valores, a estatal gastou mais com importações do que recebeu na venda
de óleo no mercado interno.
Essa perda ocorreu apesar de
a Petrobras ter registrado um
saldo positivo de 100 mil barris/dia em suas exportações líquidas de óleo -volume que já
desconta o petróleo importado.
Para Nelson Rodrigues de
Mattos, analista do Banco do
Brasil, a redução do lucro já era
esperada e foi decorrente da redução do preço do petróleo. O
desempenho, diz, só não foi
pior porque a valorização do
câmbio e o aumento da produção minimizaram tal efeito. O
efeito cambial gerou ganho de
R$ 3,3 bilhões, ao valorizar ativos da companhia no exterior.
Mônica Araújo, da corretora
Ativa, diz que a empresa também sofreu com o custo maior
de estoques -formados com o
petróleo mais caro. Os dois preveem um primeiro semestre
ainda ruim para a companhia.
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