São Paulo, sábado, 07 de março de 2009

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Queda no petróleo reduz lucro da Petrobras

Ganhos da empresa recuam 32% no 4º trimestre em relação aos três meses anteriores; no ano, resultado foi recorde

Lucro da petrolífera cresce 58% e atinge R$ 34 bi em 2008; em comparação ao quarto trimestre de 2007, ganhos aumentaram 46%

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Afetado pela queda do preço do petróleo, o lucro da Petrobras caiu 32% no quatro trimestre do ano passado na comparação com os três meses imediatamente anteriores. O resultado passou de um recorde de R$ 10,9 bilhões no terceiro trimestre para R$ 7,4 bilhões.
No acumulado de 2008, a Petrobras registrou, porém, seu maior lucro da história: R$ 33,9 bilhões, com expansão de 58% ante 2007. Se for usado padrão contábil novo, o lucro anual foi de R$ 33 bilhões. Em relação ao quatro trimestre de 2007, o resultado também foi positivo, com alta de 46%.
Segundo o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, a redução do preço do petróleo explica a retração do lucro trimestral. Isso porque a companhia, diz, formou estoques com custos mais altos e foi obrigada a "desovar"" petróleo com valores mais baixos a partir de setembro -quando os preços despencaram com a crise.
Barbassa disse, porém, que o tal efeito não é recorrente nem representa uma piora dos indicadores operacionais da companhia, já que as vendas se mantiveram no mesmo padrão histórico para o período -sem ainda refletir o efeito da crise- e a produção cresceu.
Somente esse efeito negativo dos estoques mais caros reduziu o lucro do quatro trimestre em R$ 2,7 bilhões. Esse fator extraordinário elevou o custo dos produtos vendidos em 65% no último trimestre. O executivo ressaltou, porém, o desempenho positivo do ano fechado.
"2008 como um todo foi um ano positivo, quando lucramos mais, produzimos mais e vendemos mais." Em todo ano passado, a produção de óleo e gás subiu 5%. No período, o faturamento cresceu 36% e atingiu R$ 232,2 bilhões. Segundo Barbassa, o bom desempenho anual é decorrente da alta do petróleo -que na média do ano ficou maior do que em 2007- e da expansão da produção.
A cotação do petróleo do tipo Brent passou de um pico de US$ 121 o barril no segundo trimestre de 2007 para US$ 55 no último trimestre -agora, está num patamar pouco superior a US$ 40. Com a forte alta do petróleo, diz Barbassa, cresceu o deságio do preço médio do petróleo da Petrobras em relação ao Brent, referência internacional. A diferença foi de US$ 11 em 2007 para US$ 15 em 2008.

Balança
Os elevados preços do petróleo -cuja média de 2008 ficou em US$ 97- levaram a Petrobras a registrar um déficit de US$ 928 milhões em sua balança comercial. Em valores, a estatal gastou mais com importações do que recebeu na venda de óleo no mercado interno.
Essa perda ocorreu apesar de a Petrobras ter registrado um saldo positivo de 100 mil barris/dia em suas exportações líquidas de óleo -volume que já desconta o petróleo importado.
Para Nelson Rodrigues de Mattos, analista do Banco do Brasil, a redução do lucro já era esperada e foi decorrente da redução do preço do petróleo. O desempenho, diz, só não foi pior porque a valorização do câmbio e o aumento da produção minimizaram tal efeito. O efeito cambial gerou ganho de R$ 3,3 bilhões, ao valorizar ativos da companhia no exterior.
Mônica Araújo, da corretora Ativa, diz que a empresa também sofreu com o custo maior de estoques -formados com o petróleo mais caro. Os dois preveem um primeiro semestre ainda ruim para a companhia.


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