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CONJUNTURA
Crescimento de fevereiro sobre janeiro atinge 3,1%, e acumulado de 12 meses ganha sinal positivo
IBGE confirma a virada da indústria
ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio
A indústria nacional, pela primeira vez em 18 meses, dá sinais
concretos de estar entrando numa fase de crescimento sustentado. Pesquisa divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) mostra
que a produção industrial de fevereiro cresceu 3,1% sobre a de janeiro, resultado que não era igualado desde abril de 1997.
A indústria já produz em níveis
superiores aos apresentados em
outubro de 1997, antes de o país
sucumbir aos efeitos da crise asiática, e que são comparáveis aos do
final de 1994, informou o instituto.
A tendência de crescimento
mensal (em relação ao mesmo
mês do ano anterior) iniciada em
agosto se consolidou por sete meses consecutivos, chegando, em
fevereiro, ao mais alto resultado
(16,3%) verificado desde março
de 1995, segundo o IBGE.
Conclusão: o mais lento dos indicadores -o que mostra a evolução da indústria ao longo dos
últimos 12 meses- finalmente
mudou de sinal, deixando para
trás um resultado negativo que se
arrastava havia 18 meses (desde
setembro de 1998) e assumindo
um crescimento de 1,4%, em fevereiro.
"É a confirmação da trajetória
de crescimento", disse o economista Paulo Levy, coordenador
do grupo Conjuntura do Ipea
(Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada).
Segundo Levy, o resultado favorável da indústria já era esperado
e permitirá ao Ipea rever para cima sua projeção de crescimento
da economia para este ano, que
era de 3,2%. A indústria de transformação é a locomotiva da economia. Pesa cerca de 30% no cálculo do PIB (Produto Interno
Bruto) -soma de todas as riquezas produzidas por uma região.
Os analistas do IBGE também
consideram "factível" o país crescer 4%, conforme projeções do
governo.
Efeitos estatísticos
Deve-se ressalvar, porém, que
fevereiro foi favorecido por alguns efeitos estatísticos. Fora o fato de 2000 ser um ano bissexto, fevereiro deste ano também teve
mais dias úteis do que o do ano
passado porque o feriado do Carnaval caiu em março.
Isso deve fazer com que o resultado de março fique abaixo do de
fevereiro, o que não vai comprometer a tendência de retomada da
produção, explicou o economista
Paulo Gonzaga, do Departamento de Indústria do IBGE.
Os técnicos do IBGE lembram
também que fevereiro do ano
passado é uma base fraca para vários tipos de comparações, devido
à desvalorização cambial de janeiro e ao enfraquecimento da economia como um todo.
Segundo o IBGE, 16 dos 20 setores pesquisados apresentaram
crescimento, de janeiro para fevereiro. Em relação a fevereiro de
1999, 18 ramos industriais estão
em expansão.
Os destaques em ambas as comparações foram, nesta ordem, os
setores de bens de consumo duráveis (carros, eletroeletrônicos etc)
e de bens de capital (máquinas e
equipamentos) -justamente os
primeiros a se retrair numa crise e
a se expandir na recuperação.
Para se ter uma idéia, a expansão no setor de bens de capital
chegou a 49,8% em relação a fevereiro do ano passado. Em bens de
capital, a alta foi de 23,4%.
Mariana Rebouças, gerente de
Análises do Departamento de Indústria do IBGE, cita a queda dos
juros no mercado interno, a recuperação do preço das commodities industriais, a retomada do
crédito internacional para o país,
os investimentos estrangeiros diretos na produção e o impulso dado às exportações pela desvalorização como alguns dos fatores
que estão contribuindo positivamente para a nova fase de crescimento da indústria nacional.
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