São Paulo, sexta-feira, 07 de abril de 2000


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CONJUNTURA

Crescimento de fevereiro sobre janeiro atinge 3,1%, e acumulado de 12 meses ganha sinal positivo

IBGE confirma a virada da indústria


ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio

A indústria nacional, pela primeira vez em 18 meses, dá sinais concretos de estar entrando numa fase de crescimento sustentado. Pesquisa divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que a produção industrial de fevereiro cresceu 3,1% sobre a de janeiro, resultado que não era igualado desde abril de 1997.
A indústria já produz em níveis superiores aos apresentados em outubro de 1997, antes de o país sucumbir aos efeitos da crise asiática, e que são comparáveis aos do final de 1994, informou o instituto.
A tendência de crescimento mensal (em relação ao mesmo mês do ano anterior) iniciada em agosto se consolidou por sete meses consecutivos, chegando, em fevereiro, ao mais alto resultado (16,3%) verificado desde março de 1995, segundo o IBGE.
Conclusão: o mais lento dos indicadores -o que mostra a evolução da indústria ao longo dos últimos 12 meses- finalmente mudou de sinal, deixando para trás um resultado negativo que se arrastava havia 18 meses (desde setembro de 1998) e assumindo um crescimento de 1,4%, em fevereiro.
"É a confirmação da trajetória de crescimento", disse o economista Paulo Levy, coordenador do grupo Conjuntura do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Segundo Levy, o resultado favorável da indústria já era esperado e permitirá ao Ipea rever para cima sua projeção de crescimento da economia para este ano, que era de 3,2%. A indústria de transformação é a locomotiva da economia. Pesa cerca de 30% no cálculo do PIB (Produto Interno Bruto) -soma de todas as riquezas produzidas por uma região.
Os analistas do IBGE também consideram "factível" o país crescer 4%, conforme projeções do governo.

Efeitos estatísticos
Deve-se ressalvar, porém, que fevereiro foi favorecido por alguns efeitos estatísticos. Fora o fato de 2000 ser um ano bissexto, fevereiro deste ano também teve mais dias úteis do que o do ano passado porque o feriado do Carnaval caiu em março.
Isso deve fazer com que o resultado de março fique abaixo do de fevereiro, o que não vai comprometer a tendência de retomada da produção, explicou o economista Paulo Gonzaga, do Departamento de Indústria do IBGE.
Os técnicos do IBGE lembram também que fevereiro do ano passado é uma base fraca para vários tipos de comparações, devido à desvalorização cambial de janeiro e ao enfraquecimento da economia como um todo.
Segundo o IBGE, 16 dos 20 setores pesquisados apresentaram crescimento, de janeiro para fevereiro. Em relação a fevereiro de 1999, 18 ramos industriais estão em expansão.
Os destaques em ambas as comparações foram, nesta ordem, os setores de bens de consumo duráveis (carros, eletroeletrônicos etc) e de bens de capital (máquinas e equipamentos) -justamente os primeiros a se retrair numa crise e a se expandir na recuperação.
Para se ter uma idéia, a expansão no setor de bens de capital chegou a 49,8% em relação a fevereiro do ano passado. Em bens de capital, a alta foi de 23,4%.
Mariana Rebouças, gerente de Análises do Departamento de Indústria do IBGE, cita a queda dos juros no mercado interno, a recuperação do preço das commodities industriais, a retomada do crédito internacional para o país, os investimentos estrangeiros diretos na produção e o impulso dado às exportações pela desvalorização como alguns dos fatores que estão contribuindo positivamente para a nova fase de crescimento da indústria nacional.







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