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INTEGRAÇÃO
Para o presidente do BID, economias da região carecem de recursos especialmente em tecnologia e infra-estrutura
Investimento baixo barra expansão da América Latina
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A versão latino-americana do
Fórum Econômico Mundial terminou ontem, em São Paulo, com
um misto de inveja do crescimento da Ásia e indefinições a respeito
de fórmulas para fazer a América
Latina finalmente deslanchar o
crescimento econômico.
"As razões para a falta de taxas
de crescimento excitantes como
as que vemos na Ásia estão relacionadas com a falta de investimentos em infra-estrutura e tecnologia", disse Luis Moreno, presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) durante discurso de encerramento
do fórum ontem.
Numa sessão sobre o ambiente
de investimentos na América Latina, Néstor Carbonell, vice-presidente de negócios internacionais
da Pepsi nos Estados Unidos, fez
uma previsão quase sombria. "A
América Latina não vai conseguir
alcançar as taxas de crescimento
da Índia ou da China. Pelo menos
manter o crescimento atual será
crucial [para a região]", afirmou.
Os problemas da América Latina apontados pela série de painéis
e mesas-redondas do evento já
são conhecidos: investimentos
precários em infra-estrutura,
educação nos níveis secundário e
primário abaixo de níveis adequados e falta de orientação sobre
políticas de atração de investimento estrangeiro direto. "Todos
nós sabemos o que tem de ser feito na América Latina. O que nós
precisamos é de continuidade
dessas políticas", afirmou Donna
Hrinak, ex-embaixadora dos
EUA no Brasil.
Entre as principais políticas que
necessitam de manutenção está a
de aumento dos investimentos
em infra-estrutura. Atualmente,
calcula-se que o Brasil, por exemplo, tenha uma taxa de investimento em infra-estrutura em torno de 2% do PIB (Produto Interno Bruto). Para ser competitivo
com os emergentes asiáticos, entretanto, projeções apontam que
seria necessário investir pelo menos 5% do PIB.
"Caminho verde"
Ao longo dos dois dias de discussão, ficou evidente que a América Latina ainda não encontrou
um padrão de inserção na economia mundial. A China e a Índia,
com suas taxas de crescimento
anual para além de 6% ao ano, já
têm definidos os seus papéis. Aos
chineses, parece caber o domínio
da indústria de manufaturas, especialmente no segmento de têxteis e de eletrônicos. Para os indianos, há a pujante indústria de serviços de tecnologia.
Para a América Latina, uma das
sugestões propostas pelos participantes do fórum foi a de competir
na "indústria verde", um conceito
vago que tem como idéia principal o incremento da produção de
biocombustíveis.
O tema do biocombusível, aliás,
foi mais uma vez apresentado pelo presidente Lula em seu discurso no fórum como uma ferramenta de auxílio ao crescimento
econômico do Brasil.
Sobre esse tema, Anthony Wayne, secretário-assistente de Estado para Economia e Negócios dos
EUA, declarou: "Há uma agenda
séria na questão de energia que
nós podemos trabalhar juntos".
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