São Paulo, sexta-feira, 07 de abril de 2006

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INTEGRAÇÃO

Para o presidente do BID, economias da região carecem de recursos especialmente em tecnologia e infra-estrutura

Investimento baixo barra expansão da América Latina

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A versão latino-americana do Fórum Econômico Mundial terminou ontem, em São Paulo, com um misto de inveja do crescimento da Ásia e indefinições a respeito de fórmulas para fazer a América Latina finalmente deslanchar o crescimento econômico.
"As razões para a falta de taxas de crescimento excitantes como as que vemos na Ásia estão relacionadas com a falta de investimentos em infra-estrutura e tecnologia", disse Luis Moreno, presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) durante discurso de encerramento do fórum ontem.
Numa sessão sobre o ambiente de investimentos na América Latina, Néstor Carbonell, vice-presidente de negócios internacionais da Pepsi nos Estados Unidos, fez uma previsão quase sombria. "A América Latina não vai conseguir alcançar as taxas de crescimento da Índia ou da China. Pelo menos manter o crescimento atual será crucial [para a região]", afirmou.
Os problemas da América Latina apontados pela série de painéis e mesas-redondas do evento já são conhecidos: investimentos precários em infra-estrutura, educação nos níveis secundário e primário abaixo de níveis adequados e falta de orientação sobre políticas de atração de investimento estrangeiro direto. "Todos nós sabemos o que tem de ser feito na América Latina. O que nós precisamos é de continuidade dessas políticas", afirmou Donna Hrinak, ex-embaixadora dos EUA no Brasil.
Entre as principais políticas que necessitam de manutenção está a de aumento dos investimentos em infra-estrutura. Atualmente, calcula-se que o Brasil, por exemplo, tenha uma taxa de investimento em infra-estrutura em torno de 2% do PIB (Produto Interno Bruto). Para ser competitivo com os emergentes asiáticos, entretanto, projeções apontam que seria necessário investir pelo menos 5% do PIB.

"Caminho verde"
Ao longo dos dois dias de discussão, ficou evidente que a América Latina ainda não encontrou um padrão de inserção na economia mundial. A China e a Índia, com suas taxas de crescimento anual para além de 6% ao ano, já têm definidos os seus papéis. Aos chineses, parece caber o domínio da indústria de manufaturas, especialmente no segmento de têxteis e de eletrônicos. Para os indianos, há a pujante indústria de serviços de tecnologia.
Para a América Latina, uma das sugestões propostas pelos participantes do fórum foi a de competir na "indústria verde", um conceito vago que tem como idéia principal o incremento da produção de biocombustíveis.
O tema do biocombusível, aliás, foi mais uma vez apresentado pelo presidente Lula em seu discurso no fórum como uma ferramenta de auxílio ao crescimento econômico do Brasil.
Sobre esse tema, Anthony Wayne, secretário-assistente de Estado para Economia e Negócios dos EUA, declarou: "Há uma agenda séria na questão de energia que nós podemos trabalhar juntos".


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