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DIAS DE TENSÃO
Derrotas do governo no Senado e instabilidade mundial levam dólar ao patamar de R$ 3,00; risco-país sobe 7,9%
Bingos e cenário externo derrubam mercado
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Turbulências no cenário externo e duas derrotas do governo no
Senado atingiram em cheio ontem os ativos brasileiros. O risco-país subiu 7,9%, a Bovespa caiu ao
menor nível em quase seis meses
e o dólar alcançou os R$ 3,00.
As principais Bolsas de Valores
se desvalorizaram ao redor do
mundo e o risco de países emergentes acompanhou a elevação do
brasileiro. Dados da economia
americana se somaram à fala do
presidente do Fed (banco central
dos EUA), Alan Greenspan, e esquentaram a discussão sobre
quando e em que intensidade subirão os juros nos EUA.
Além disso, a alta do preço do
petróleo e suas conseqüências para a economia mundial deixaram
o mercado ainda mais tenso. Em
Nova York, depois de quase atingir US$ 40, o barril caiu 0,51% e fechou o dia cotado a US$ 39,37,
mantendo-se no maior patamar
desde a Guerra do Golfo.
Analistas preocupam-se com a
possibilidade de que a alta do petróleo no exterior dê margem a
aumentos no preço da gasolina
internamente, o que pressionaria
os índices de inflação.
O mercado doméstico iniciou
os negócios ontem com a sensação de que o governo demonstrou
desarticulação ao permitir que a
oposição instalasse uma comissão
para discutir o salário mínimo e
derrubasse a medida provisória
que proibia a atividade de bingos.
Pela tarde, três dias depois de
prometer uma elevação "moderada" dos juros nos EUA, Greenspan sugeriu o contrário ontem, ao
afirmar que as empresas e os consumidores americanos estão em
condições de suportar um aumento das taxas básicas do Fed.
A Bovespa caiu 4,17%. O risco-país subiu a 722 pontos, patamar
mais elevado desde agosto de
2003. O dólar teve alta de 1,49%. A
moeda americana bateu a barreira dos R$ 3,00 ao longo do dia e
depois recuou para R$ 2,999, seu
maior valor em oito meses e meio.
Na Bolsa de Nova York, o Dow
Jones caiu 0,68%. A Nasdaq teve
baixa de 1%. O mercado americano foi influenciado pela divulgação de dados sobre auxílio-desemprego, que ficaram abaixo do
esperado e apontaram para um
aquecimento da economia.
Entre as maiores perdas na Europa, ficaram as Bolsas de Frankfurt, com baixa de 2,8%, e a de Paris, com queda de 1,99%.
O risco de países emergentes
tem subido desde que o mercado
passou a ver sinais de que o Fed
anteciparia o aumento dos juros.
Ontem o risco da Turquia teve
alta de 11,9%. O russo subiu 8,5%,
e o risco mexicano, 8,3%.
Juros maiores nos EUA tornam
os títulos americanos -considerados de risco zero- mais atrativos que os papéis dos emergentes.
"O risco brasileiro já passou de
um patamar exagerado. Nossa situação econômica é muito mais
confortável hoje que há algum
tempo", diz Marcelo Salomon,
economista-chefe do Unibanco.
A piora do mercado não afetou
as projeções para os juros internos a curto prazo. Mas os contratos de vencimento mais longo subiram ontem na BM&F. No DI de
janeiro, contrato mais negociado
e que é atrelado aos juros, a taxa
foi de 15,62% para 15,76%.
Hoje o mercado aguarda a divulgação dos dados sobre desemprego nos EUA e, no Brasil, o IPCA de abril.
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