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JUSTIÇA
Segundo Ministério Público, presidente de sindicato causou rombo de R$ 9 bi ao deixar de cobrar empresas em troca de propina
Auditora é presa acusada de fraudar INSS
DA SUCURSAL DO RIO
A presidente do Sindicato dos
Auditores Fiscais do Rio (Sinsera), Maria Auxiliadora de Vasconcellos, foi presa na manhã de
ontem sob acusação de crime de
corrupção passiva.
Segundo denúncia do Ministério Público Federal, o Sinsera estabelecia contatos com pessoas ligadas à Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) para
que esta indicasse empresas que
estariam dispostas a pagar propinas a auditores fiscais a fim de não
serem fiscalizadas.
A auditora teria causado um
rombo de R$ 9 bilhões na Previdência Social ao deixar de lançar
débitos de nove empresas em troca de propinas.
Maria Auxiliadora, que foi presa
em sua casa, na zona oeste carioca, vinha sendo investigada pela
força-tarefa formada por Ministério Público Federal, PF (Polícia
Federal) e INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que deflagrou a operação Sinceridade, que
apura fraudes fiscais e na Previdência Social.
Ao ser presa, não demonstrou
surpresa. "Ah, são vocês, já estava
esperando", disse ela aos promotores e policiais, que efetuaram a
prisão.
De acordo com as investigações,
ela é acusada de dar suporte à
quadrilha de 13 fiscais presos, desde fevereiro, acusados de causar
um rombo de R$ 3 bilhões na receita previdenciária.
Responsável pela denúncia, o
procurador Fábio Aragão afirmou ter elementos que comprovariam que pessoas ligadas à Firjan indicariam as empresas que,
para não serem fiscalizadas, pagariam propinas à Maria Auxiliadora e a outros fiscais. Ele não quis
revelar o nome das firmas.
Aragão declarou que, em uma
busca no sindicato, não encontrou documentos da área sindical,
e sim relacionados às empresas
que supostamente pagariam propina. Segundo o procurador, o
sindicato teria sido criado como
"fachada" para a prática de fraudes. "Entre os fundadores, estão
parte dos 13 fiscais presos no início do ano", afirmou.
A participação da acusada no
esquema foi descoberta depois de
uma escuta telefônica com autorização judicial no qual ela é citada
em conversas como sendo participante de um esquema de corrupção envolvendo vários fiscais
da Previdência que receberiam
dinheiro de empresários.
"Em outra conversa gravada,
ela fala com uma outra auditora
dizendo que no Rio é muito fácil
ser corrupto", disse.
Outra suspeita que reforça a
participação dela nas fraudes é
que, segundo a Receita, Maria Auxiliadora teria um patrimônio incompatível com o salário que recebe. A acusada teria, entre os
seus bens, dez imóveis e três carros, dos quais dois importados.
O procurador afirmou que Maria Auxiliadora só prestará esclarecimentos sobre o caso no próximo dia 22.
Firjan
Em nota oficial assinada pelo
presidente Eduardo Eugênio
Gouvêa Vieira, a Firjan informou
ter ficado surpreendida ao ver seu
nome envolvido no caso.
Segundo diz a nota, não existe
nenhuma evidência da participação de órgãos institucionais da
Firjan, mas apenas a menção do
seu nome numa conversa telefônica da acusada.
A Firjan comunicou na nota
ainda que dará total apoio às investigações.
Gouvêa Vieira declarou que não
pretende realizar nenhuma investigação interna. "Qualquer grupo
pode ter pessoas mais fracas, mas
não existe nenhuma evidência."
Pressionado pelos jornalistas,
afirmou que não "vai chatear" a
paciência dos 3.500 funcionários
da Firjan. Admitiu que, assim que
provado o envolvimento de nove
empresas, elas serão suspensas da
Firjan caso sejam filiadas.
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