São Paulo, sábado, 07 de maio de 2005

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JUSTIÇA

Segundo Ministério Público, presidente de sindicato causou rombo de R$ 9 bi ao deixar de cobrar empresas em troca de propina

Auditora é presa acusada de fraudar INSS

DA SUCURSAL DO RIO

A presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais do Rio (Sinsera), Maria Auxiliadora de Vasconcellos, foi presa na manhã de ontem sob acusação de crime de corrupção passiva.
Segundo denúncia do Ministério Público Federal, o Sinsera estabelecia contatos com pessoas ligadas à Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) para que esta indicasse empresas que estariam dispostas a pagar propinas a auditores fiscais a fim de não serem fiscalizadas.
A auditora teria causado um rombo de R$ 9 bilhões na Previdência Social ao deixar de lançar débitos de nove empresas em troca de propinas.
Maria Auxiliadora, que foi presa em sua casa, na zona oeste carioca, vinha sendo investigada pela força-tarefa formada por Ministério Público Federal, PF (Polícia Federal) e INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que deflagrou a operação Sinceridade, que apura fraudes fiscais e na Previdência Social.
Ao ser presa, não demonstrou surpresa. "Ah, são vocês, já estava esperando", disse ela aos promotores e policiais, que efetuaram a prisão.
De acordo com as investigações, ela é acusada de dar suporte à quadrilha de 13 fiscais presos, desde fevereiro, acusados de causar um rombo de R$ 3 bilhões na receita previdenciária.
Responsável pela denúncia, o procurador Fábio Aragão afirmou ter elementos que comprovariam que pessoas ligadas à Firjan indicariam as empresas que, para não serem fiscalizadas, pagariam propinas à Maria Auxiliadora e a outros fiscais. Ele não quis revelar o nome das firmas.
Aragão declarou que, em uma busca no sindicato, não encontrou documentos da área sindical, e sim relacionados às empresas que supostamente pagariam propina. Segundo o procurador, o sindicato teria sido criado como "fachada" para a prática de fraudes. "Entre os fundadores, estão parte dos 13 fiscais presos no início do ano", afirmou.
A participação da acusada no esquema foi descoberta depois de uma escuta telefônica com autorização judicial no qual ela é citada em conversas como sendo participante de um esquema de corrupção envolvendo vários fiscais da Previdência que receberiam dinheiro de empresários.
"Em outra conversa gravada, ela fala com uma outra auditora dizendo que no Rio é muito fácil ser corrupto", disse.
Outra suspeita que reforça a participação dela nas fraudes é que, segundo a Receita, Maria Auxiliadora teria um patrimônio incompatível com o salário que recebe. A acusada teria, entre os seus bens, dez imóveis e três carros, dos quais dois importados.
O procurador afirmou que Maria Auxiliadora só prestará esclarecimentos sobre o caso no próximo dia 22.

Firjan
Em nota oficial assinada pelo presidente Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, a Firjan informou ter ficado surpreendida ao ver seu nome envolvido no caso.
Segundo diz a nota, não existe nenhuma evidência da participação de órgãos institucionais da Firjan, mas apenas a menção do seu nome numa conversa telefônica da acusada.
A Firjan comunicou na nota ainda que dará total apoio às investigações.
Gouvêa Vieira declarou que não pretende realizar nenhuma investigação interna. "Qualquer grupo pode ter pessoas mais fracas, mas não existe nenhuma evidência."
Pressionado pelos jornalistas, afirmou que não "vai chatear" a paciência dos 3.500 funcionários da Firjan. Admitiu que, assim que provado o envolvimento de nove empresas, elas serão suspensas da Firjan caso sejam filiadas.


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