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Para Lula, alta do real é inevitável
Presidente avalia que não há medida de impacto a ser tomada no curto prazo para evitar valorização do câmbio
Lula acredita que área
econômica deve ser
cautelosa ao debater ações no câmbio e, assim, evitar que expectativas sejam afetadas
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que não há nenhuma medida de impacto que
possa tomar no curto prazo para evitar uma eventual nova onda de valorização do real em relação ao dólar. Após a obtenção
do grau de investimento, na semana passada, o Ministério da
Fazenda elevou o grau de preocupação com o câmbio.
Há temor na pasta de Guido
Mantega de que o grau de investimento (espécie de selo de
qualidade de bom pagador dado pelos investidores internacionais) traga mais recursos externos ao país e valorize ainda
mais o real em relação à moeda
norte-americana. Setores exportadores se queixam de que
são prejudicados pelo dólar barato, pois seus produtos ficam
mais caros na comparação com
os de outros países.
Lula pediu cautela aos auxiliares. Hoje, em reunião no Planalto com seus principais ministros, haverá avaliação do cenário econômico. A tendência é
o governo usar o discurso de
que o Brasil tem sido pouco afetado pelas incertezas econômicas internacionais e que não
precisa tomar nenhuma medida radical no curto prazo.
Ou seja, reafirmar a política
de câmbio livre e flutuante e
empurrar com a barriga. Nas
palavras irônicas de um conselheiro econômico do presidente, "não fazer nada será um ato
de coragem".
O grau de investimento, que
é uma boa notícia para vários
setores da economia, aconteceu na semana passada. Seria
cedo, avalia Lula, para adotar
alguma medida cambial única e
exclusivamente em razão do temor dos exportadores e da Fazenda em relação aos efeitos do
grau de investimento.
Daí a intenção de aguardar
mais um pouco até que haja
maior clareza no cenário internacional sobre qual problema
global ameaçaria mais a economia brasileira: a crise financeira dos Estados Unidos ou a inflação mundial dos alimentos.
No cardápio de medidas paliativas do governo em relação
ao câmbio, estão uma eventual
nova elevação do IOF (Imposto
sobre Operações Financeiras)
na entrada de dólares no país e
o chamado fundo soberano. O
fundo daria ao Tesouro Nacional, órgão sob a influência da
Fazenda, o poder de comprar
dólares no mercado para tentar
combater a valorização do real.
Lula já descartou duas medidas de peso: intervir no Banco
Central para mudar a política
de juros e alterar as regras do
câmbio, como impor algum tipo de controle à entrada de capital no país.
Para o presidente, a área econômica deve ser cautelosa ao
debater novas medidas. Ele
acredita que isso poderia afetar
as expectativas no momento
em que o Brasil cresce apesar
da crise internacional. O petista avalia que o ano de 2008 está
ganho do ponto de vista econômico.
Não crê que a recente retomada de um processo de alta
dos juros pelo Banco Central
ofereça risco ao crescimento do
PIB (Produto Interno Bruto). O
efeito da alta dos juros sobre o
câmbio é sempre visto por Lula
como preocupante. O presidente expressa isso publicamente para acalmar setores exportadores que cobram medidas mais efetivas.
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