São Paulo, quarta-feira, 07 de maio de 2008

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Banco já prevê que barril de petróleo chegará a US$ 200

Em 2005, Goldman Sachs havia afirmado que preço superaria marca de US$ 100

Petróleo voltou a bater recorde ontem e superou pela primeira vez a barreira dos US$ 120 no fechamento em Londres e Nova York


JAVIER BLAS
CHRIS FLOOD
DO "FINANCIAL TIMES"

Os preços do petróleo podem subir a US$ 200 por barril dentro de dois anos, de acordo com o mesmo analista do Goldman Sachs que, dois anos atrás, previu uma "superdisparada" do preço para acima de US$ 100.
O alerta de Arjunta Murti surgiu no dia em que os preços do petróleo estabeleceram novo recorde e superaram os US$ 122 em Nova York, antes de recuar para US$ 121,84 -alta de 1,56%. O aumento de ontem foi relacionado a perturbações no suprimento da Nigéria, queda na produção da Rússia e pela demanda forte que continua a existir na China nos meses que antecedem a Olimpíada. Em Londres, o barril subiu 1,97% e superou pela primeira vez a marca de US$ 120, valendo US$ 120,31 no fim do pregão.
Murti disse que a crise de energia podia estar chegando a um pico devido à falta de crescimento adequado na oferta que está se tornando aparente. "A possibilidade de preços de US$ 150 a US$ 200 por barril parece cada vez maior nos próximos 6 a 24 meses." Acrescentou que era muito baixa a capacidade excedente de produção da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para fornecer proteção contra choques inesperados de oferta.
No mês passado, Chakib Khelil, presidente do cartel responsável por 40% da produção mundial, também alertou de que o petróleo poderia atingir os US$ 200 por barril. O número de contratos de opções que prevêem que o petróleo atingirá US$ 200 em dezembro triplicou desde o começo do ano.
A advertência de Murti tem influência no mercado de petróleo porque, em março de 2005, quando o petróleo estava sendo negociado a cerca de US$ 55, ele previu que os preços poderiam sofrer uma "superdisparada", para US$ 105. O alerta de 2005 foi criticado porque o Goldman Sachs é um dos grandes bancos de investimento de Wall Street que operam no mercado de petróleo e poderia ser beneficiado por uma alta nos preços.

Defesa
As críticas forçaram o então presidente-executivo do banco, Henry Paulson, a defender a previsão de alta. Paulson é hoje o secretário do Tesouro do governo George W. Bush. Nauman Barakat, do Macquarie Bank, disse que "a previsão não deveria ser desconsiderada como absurda sem maior análise, porque o Goldman estava completamente certo com a projeção de superdisparada".
Kevin Norrish, da Barclays Capital, afirmou que o mercado estava "recalibrando para cima as expectativas quanto ao equilíbrio de longo prazo dos preços do petróleo".
O Goldman Sachs afirma que a alta incansável nos preços do petróleo em longo prazo confirma um cenário de restrições na oferta que conduzem a um racionamento na demanda.
Ontem, o Departamento de Energia dos Estados Unidos aumentou em US$ 9 a sua previsão para a cotação do barril neste ano, para US$ 110.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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