São Paulo, quinta-feira, 07 de maio de 2009

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Procuradoria denuncia ex-diretores da Sadia

Executivos são acusados de uso de informação privilegiada

YGOR SALLES
DA FOLHA ONLINE

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público Federal encaminhou ontem à Justiça uma denúncia formal contra dois ex-diretores da Sadia e um ex-executivo do Banco Real pelo crime de uso de informação privilegiada sobre a oferta de compra da Perdigão, feita pela Sadia em julho de 2006.
É o primeiro caso de vazamento de informação que pode virar uma ação penal, o que já era possível desde 2001. Antes só cabia aos "insiders" punições administrativas na CVM.
Foram denunciados Luiz Gonzaga Murat Júnior, ex-diretor de Finanças e Relações com Investidores da Sadia, Romano Ancelmo Fontana Filho, ex-membro do conselho de administração da empresa, e o ex-superintendente-executivo do Real Alexandre Ponzio.
Segundo o procurador Rodrigo de Grandis, os acusados utilizaram informação confidencial de que a Sadia faria a oferta pela Perdigão para obter lucro na Bolsa de Valores de Nova York. Os três compraram ações da Perdigão e lucraram com a forte alta dos papéis.
A movimentação, no entanto, chamou a atenção da SEC (a "CVM" dos EUA), que viu indícios de ação de "insiders".
Encaminhada a denúncia, a Justiça Federal poderá acolhê-la ou não. Se condenados, os executivos estão sujeitos a penas de um a cinco anos de reclusão e multa de até três vezes o valor da vantagem obtida em decorrência do crime.
Todos eles já foram julgados culpados em processos administrativos na SEC e na CVM. Também foram demitidos de seus cargos. Em fevereiro de 2007, Murat aceitou pagar à SEC US$ 364.432, e Ponzio, US$ 135.390.
De Grandis disse esperar que a eventual condenação coíba o crime no mercado. "Nenhum [dos acusados] negou a prática. Mas cada um deu a sua interpretação. Um disse que acreditava que a vedação era restrita ao mercado brasileiro", disse.
Para o procurador, cabe punição no país porque a empresa é brasileira e eles estavam no país ao comprarem os papéis.
Segundo Alexandre Pinheiro dos Santos, chefe da Procuradoria junto à CVM, o caso só chegou à Justiça devido à parceria com o Ministério Público. "Simbolicamente, esse tipo de coisa [denúncia e prisão] é muito importante. Não adianta ter crimes previstos na lei se o Estado não aplica", afirmou.
A Folha não conseguiu falar com os acusados. A Sadia preferiu não comentar, alegando que eles deixaram a empresa. O Real disse que demitiu Ponzio após saber do caso.


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