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Procuradoria denuncia ex-diretores da Sadia
Executivos são acusados de uso de informação privilegiada
YGOR SALLES
DA FOLHA ONLINE
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Federal
encaminhou ontem à Justiça
uma denúncia formal contra
dois ex-diretores da Sadia e um
ex-executivo do Banco Real pelo crime de uso de informação
privilegiada sobre a oferta de
compra da Perdigão, feita pela
Sadia em julho de 2006.
É o primeiro caso de vazamento de informação que pode
virar uma ação penal, o que já
era possível desde 2001. Antes
só cabia aos "insiders" punições administrativas na CVM.
Foram denunciados Luiz
Gonzaga Murat Júnior, ex-diretor de Finanças e Relações
com Investidores da Sadia, Romano Ancelmo Fontana Filho,
ex-membro do conselho de administração da empresa, e o ex-superintendente-executivo do
Real Alexandre Ponzio.
Segundo o procurador Rodrigo de Grandis, os acusados utilizaram informação confidencial de que a Sadia faria a oferta
pela Perdigão para obter lucro
na Bolsa de Valores de Nova
York. Os três compraram ações
da Perdigão e lucraram com a
forte alta dos papéis.
A movimentação, no entanto, chamou a atenção da SEC (a
"CVM" dos EUA), que viu indícios de ação de "insiders".
Encaminhada a denúncia, a
Justiça Federal poderá acolhê-la ou não. Se condenados, os
executivos estão sujeitos a penas de um a cinco anos de reclusão e multa de até três vezes
o valor da vantagem obtida em
decorrência do crime.
Todos eles já foram julgados
culpados em processos administrativos na SEC e na CVM.
Também foram demitidos de
seus cargos. Em fevereiro de
2007, Murat aceitou pagar à
SEC US$ 364.432, e Ponzio,
US$ 135.390.
De Grandis disse esperar que
a eventual condenação coíba o
crime no mercado. "Nenhum
[dos acusados] negou a prática.
Mas cada um deu a sua interpretação. Um disse que acreditava que a vedação era restrita
ao mercado brasileiro", disse.
Para o procurador, cabe punição no país porque a empresa
é brasileira e eles estavam no
país ao comprarem os papéis.
Segundo Alexandre Pinheiro
dos Santos, chefe da Procuradoria junto à CVM, o caso só
chegou à Justiça devido à parceria com o Ministério Público.
"Simbolicamente, esse tipo de
coisa [denúncia e prisão] é muito importante. Não adianta ter
crimes previstos na lei se o Estado não aplica", afirmou.
A Folha não conseguiu falar
com os acusados. A Sadia preferiu não comentar, alegando
que eles deixaram a empresa. O
Real disse que demitiu Ponzio
após saber do caso.
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