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ÁSIA
Mercado de Nova York cai 1% devido ao receio de que a turbulência dos mercados afete economia dos EUA
Crise na Indonésia volta a derrubar Bolsas
MARCIO AITH
de Tóquio
Saques e quebra-quebrasnas
maiores cidades indonésias contribuíram ontem para derrubar as
principais Bolsas de Valores asiáticas.
A crise na região também repercutiu na Bolsa de Nova York
(EUA). O receio de que a economia do país diminua seu ritmo de
crescimento em virtude dos problemas na Ásia levou ontem o índice Dow Jones, que reúne as principais ações, a cair 1,02%.
O mercado acionário norte-americano foi influenciado ontem
pelo consenso de que pode ocorrer uma nova turbulência nas Bolsas asiáticas, como no ano passado, o que afetaria os EUA.
Na Indonésia, foi o segundo dia
de protestos contra os aumentos
dos preços de combustíveis e das
tarifas de transporte público determinados pelo governo indonésio em cumprimento ao acordo
firmado com o FMI (Fundo Monetário Internacional) em troca de
ajuda financeira que supera os
US$ 40 bilhões.
Nas principais cidades do país
-Jacarta, a capital, Surubaya,
Medan e Jobjacarta, entre outras- policiais reprimiram com
cassetetes, tiros, bombas de gás lacrimogêneo e jatos d'água multidões que saquearam lojas e colocaram fogo em carros.
Uma pessoa teria morrido em
Medan, segundo jornais da região,
por não ter conseguido escapar de
uma loja em chamas.
As cenas dos distúrbios foram
transmitidas pela TV para os países da região. A reação dos investidores foi imediata.
Japão
O principal índice da Bolsa de
Valores de Tóquio (o Nikkei 225)
caiu 2,05%, para 15.243,84 pontos.
Foi o menor índice registrado no
mercado acionário japonês desde
14 de janeiro passado. A Bolsa japonesa, a principal da Ásia, havia
reiniciado negociações ontem depois de um feriado prolongado.
O Japão tem US$ 40 bilhões em
investimentos diretos e US$ 23 bilhões em empréstimos a descoberto a instituições financeiras e empresas indonésias. As ações de
bancos japoneses foram as que
mais caíram ontem.
O mercado japonês também foi
afetado por declarações pessimistas, em Washington, do secretário-geral do Partido Liberal-Democrata japonês, Koichi Kato.
Segundo Kato, há poucas chances de o governo japonês transformar em permanente a redução de
impostos contida no último pacote econômico do país, divulgado
em abril.
Kato disse ainda que mais bancos japoneses poderão quebrar
nos próximos meses, em função
de empréstimos podres direcionados ao mercado especulativo nos
últimos anos.
Vizinhos
As ações caíram 3,24% na Bolsa
da Malásia, 2,21% na da Coréia do
Sul, 1,38% na da Tailândia e 0,83%
na de Hong Kong.
Na Malásia, aumenta o temor de
que, com os distúrbios na região,
mais imigrantes ilegais indonésios
fujam para o país.
Pelo menos oito deles, fugindo
da deportação, morreram em choques com a polícia da Malásia em
março.
Desde o início da crise econômica asiática, cerca de 50 mil indonésios fugiram para a Malásia em
barcos e botes à procura de empregos. Com os distúrbios, espera-se que o número aumente ainda mais.
Também repercutiu no mercado
um informe acadêmico elaborado
pelo economista-chefe do banco
central da China. Ele diz no documento que aumentariam as pressões para que o país desvalorizasse
o yuan, a moeda local, para manter a competitividade dos produtos chineses.
Na Indonésia, com o aumento
do preços das tarifas públicas e a
extinção de um monopólio controlado pelo filho do presidente
indonésio, Suharto, o país parece
estar cumprindo à risca o programa de ajuste formulado pelo FMI.
Ainda não há solução, no entanto, para a dívida privada do país,
de cerca de US$ 70 bilhões. Bancos
internacionais e instituições indonésias já realizaram em vão rodadas de negociações na Indonésia e
nos Estados Unidos. Amanhã, iniciam uma nova tentativa em Tóquio.
Ontem, o ministro da Economia
do Japão, Hikaru Matsunaga, afirmou que o país entregará em breve uma ajuda emergencial de US$
2 bilhões para que a Indonésia
possa enfrentar a crise econômica.
Os recursos integram o pacote de
US$ 5 bilhões que o Japão já havia
prometido ao país.
Na segunda-feira, o governo da
Indonésia já havia anunciado que
o país receberá US$ 7 bilhões nos
próximos três meses.
Prabhakar Narvekar, agente do
FMI na Indonésia, encontrou-se
pessoalmente com o presidente
Suharto, no começo da semana,
para informá-lo que o fundo irá liberar ainda neste mês US$ 1 bilhão
para fortalecer a balança de pagamentos do país.
O ministério das Finanças também divulgou no começo da semana que as reservas da Indonésia
estarão plenamente fortalecidas
até julho, como consequência do
reatamento das relações do país
com a comunidade internacional.
com agências internacionais
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