São Paulo, quinta, 7 de maio de 1998

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TELECOMUNICAÇÕES
Barros afirma que "não será irresponsável" na venda da Telebrás "só para agradar à imprensa"
Governo busca melhor preço, diz ministro

CRISTIANA NEPOMUCENO
FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília

As datas já anunciadas para a privatização do Sistema Telebrás são apenas uma "referência" para o processo, pois são "flexíveis" e podem ser alteradas "por motivo de força maior".
Essa análise foi feita ontem pelo ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros.
De acordo com o cronograma em vigor, os "data rooms" (salas de informação) da Telebrás serão abertos no próximo dia 18, o edital de desestatização será publicado no próximo dia 29 e as propostas serão entregues no dia 15 de julho.
"Essas datas são importantes para colocar adrenalina no processo e servir de referência de cobrança para todo mundo. Mas, se houver um atraso de uma semana para melhorar o preço (de venda da estatal), não vamos ser irresponsáveis apenas para agradar à imprensa", disse o ministro.
Ele lembrou que existem "eventos" que fogem ao controle, como eventuais ações judiciais que atrasem o cronograma.
Mendonça de Barros afirmou que estão confirmados o modelo de privatização da Telebrás (cisão da estatal em 12 holdings regionais), a participação do BNDES como "vendedor" da empresa e a entrega das propostas financeiras por meio de envelopes fechados.
Todos os demais pontos referentes à venda da Telebrás estão em aberto. Entre eles, os critérios de habilitação para a disputa, participação do capital estrangeiro, formato do leilão e venda da Embratel em separado das holdings.
"Tudo isso está dentro de uma caixinha chamada "venda', e estamos sobre ela agora", disse.
Mendonça de Barros vai considerar a Telebrás vendida quando as propostas financeiras forem entregues. Mas ele não estabeleceu uma data nem uma sequência para a abertura dos envelopes. "Queremos fazer isso no menor tempo possível."
Papel do BNDES
O ministro, que voltou a defender o pagamento pela Telebrás em parcelas, deixou claro que o BNDES será o responsável pela venda da estatal.
Nessa função, o banco vai conversar com potenciais compradores para saber "o que é preciso fazer para melhorar o preço".
"O BNDES é um bom vendedor, mas ainda precisa conhecer o produto que está sendo vendido. É preciso ter lábia", disse.
Barros disse também que o BNDES está discutindo a criação de uma linha de crédito destinada ao financiamento dos futuros controladores da Telebrás após a privatização.
O ministro informou que, após a cisão da Telebrás em 12 holdings, será feito o registro das ações nas Bolsas do Brasil e de Nova York.
Ao prever que a privatização da Telebrás renderá cerca de R$ 21 bilhões, Mendonça de Barros se considera mais realista que seu antecessor, Sérgio Motta.
"Ele (Motta) tinha um otimismo que eu gostaria de ter. Eu sou mais realista", disse. Motta previa até R$ 30 bilhões.



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