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INVESTIMENTOS
Evento reúne 300 empresários japoneses e brasileiros para discutir oportunidades de negócios no país
Brasil quer atrair capital privado japonês
MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local
Se depender da vontade das indústrias e do governo brasileiro, o
Brasil poderia tornar-se uma alternativa para os investimentos japoneses em tempos de crise econômica no Sudeste Asiático.
Com essa proposta de "vender"
o país para investidores estrangeiros, cerca de 300 empresários brasileiros e japoneses abriram ontem em São Paulo um seminário
sobre as oportunidades de negócios existentes hoje no Brasil.
O evento, organizado pela CNI
(Confederação Nacional da Indústria) e pelo Keidanren, entidade equivalente do Japão, contou
com a participação do ministro da
Fazenda brasileiro, Pedro Malan,
e será encerrado hoje.
O ministro brasileiro garantiu
aos empresários japoneses que o
processo de privatização terá continuidade e que não haverá desvalorização cambial.
Malan reafirmou que a inflação
em 98 deverá ficar entre 3% e 4% e
tentou mostrar aos empresários
que os números da economia brasileira estão melhorando.
"O déficit comercial de 98 será
inferior ao do ano passado, assim
como o déficit em conta corrente", declarou. Na sua opinião, o
país deverá receber, no mínimo,
US$ 17 bilhões em investimentos
diretos neste ano.
"Queremos ver de que forma
está ocorrendo a privatização e temos intenção de investir no Brasil", disse o chefe da delegação japonesa, Minoru Murofushi, que
também é dirigente do Keidanren
e presidente do grupo Itochu.
De acordo com uma sondagem
informal realizada com os representantes das empresas japonesas
que participam do evento, a maioria dos empresários acredita que a
economia brasileira vai continuar
propícia a investimentos.
"Com a crise asiática, aprendemos que precisamos diversificar
os investimentos", afirmou Masatake Kusamichi, presidente da
Nissho Iwai Corporation.
No entanto, ressaltou o executivo, as empresas japonesas somente investirão no Brasil nas atividades que dêem retorno a longo prazo. "Não vamos entrar no boom e
depois sair", disse.
Os investimentos diretos feitos
por empresas japonesas no Brasil,
mais direcionados à construção de
fábricas, especialmente no setor
automotivo, perderam espaço.
Segundo os empresários japoneses, nos últimos anos houve uma
preferência por investir no próprio Sudeste Asiático.
Em 1990, do total de investimentos estrangeiros diretos no país, o
Japão respondia por 9,3%. Em
1995, a participação era de 7,7%.
Ainda assim, o Japão é o quarto
maior investidor estrangeiro no
país.
De acordo com o presidente da
CNI, Fernando Bezerra, os setores
que mais interessam aos japoneses
são o automotivo, incluindo autopeças, mineração, siderúrgico, telecomunicações, eletroeletrônicos
e agropecuária.
A tendência, agora, é que os investimentos japoneses no Brasil,
se efetivados, se dirijam para o setor de infra-estrutura.
Os japoneses são superavitários
no comércio com o Brasil e impõem uma série de barreiras
não-tarifárias contra a entrada de
alguns produtos brasileiros.
Segundo a CNI, existem barreiras contra as importações de álcool etílico, arroz, carnes, couros,
calçados, fumo, frutas, vegetais e
pescado.
No ano passado, o Brasil teve
um déficit comercial com o Japão
de US$ 531 milhões. Em 1990, início da abertura comercial brasileira, o país tinha um superávit de
US$ 1,1 bilhão com os japoneses.
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