ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

As montadoras de veículos registraram em maio um recorde na produção nacional de carros, caminhões e ônibus, só comparado ao resultado de junho de 98. No mês passado, as 14 empresas de veículos existentes no Brasil produziram, juntas, 150,2 mil unidades. Um resultado nesse mesmo patamar só foi atingido 23 meses atrás, quando foram fabricados 159,3 mil veículos.
"Chegamos ao fundo do poço, e parece que começamos a ver a luz lá fora novamente", diz José Carlos Pinheiro Neto, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), que apresentou os dados ontem. A entidade também divulgou uma projeção de produção para os próximos três meses.
Em junho, julho e agosto, as montadoras devem fabricar, juntas, 156 mil unidades por mês e estarão com 65% a 70% de sua capacidade instalada em uso -hoje, está em 63%.
A última vez que as montadoras atingiram esse nível de produção foi em março de 1998. A partir de então, as fábricas amargaram uma enxurrada de resultados desanimadores.
No acumulado do ano, a produção cresceu 24,6% em relação a 99, quando ocorreu a desvalorização do real, que espantou os clientes das lojas. Em comparação a 98, porém, ainda há uma queda 11%, mas a Anfavea já fala que o setor pode ultrapassar o resultado daquele ano, quando foi produzido 1,5 milhão de unidades. Em 99, foi 1,3 milhão.
Se a produção cresceu, as vendas seguiram caminho semelhante. Nos primeiros cinco meses do ano, as concessionárias receberam 16,3% mais veículos para venda do que em 99. Há números exorbitantes: de janeiro a maio, só a Mercedes-Benz entregou às lojas 562,2% mais carros de passeio do que em 99 e a Renault, 64,7%.
Nas lojas, os consumidores brasileiros compram: foram vendidos 527 mil carros de janeiro a maio, ou 14,5% a mais do que em 99. Os dados são da Anfavea. A Fenabrave, entidade que representa as revendas, divulgará seus números nesta semana.
A Anfavea já informou que o estoque das concessionárias e montadoras está estável. Os pátios carregam estoques de nove dias de produção. E as revendas, de 25 dias.

Emprego
Em maio, foram contratados 715 trabalhadores. Há expectativa de abertura de novas vagas, mas, se a produção continuar a crescer, o setor terá que discutir como a atual proposta dos sindicatos, de redução na jornada trabalho, se encaixará nesse cenário.
"Não defendemos a generalização dessa medida", avisou Pinheiro Neto. Os sindicatos propõem 40 horas semanais, contras as atuais 44 horas. O governo já disse que apóia a medida. "Se o Executivo quer aumentar o emprego, precisa saber que a melhor forma é as indústrias elevarem a produção", rebate Pinheiro Neto.



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