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Nova regra para os fundos não era consenso no governo
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A forma de ajustar as carteiras dos fundos de investimento à nova realidade do mercado não foi consensual dentro do próprio governo. O modelo de "marcação"
adotado pelo Banco Central teria gerado mais volatilidade ao resultar em um maior número de saques nos fundos.
A Folha apurou que alguns representantes de bancos sugeriram ao governo que estabelecesse o ajuste -ou a contabilização do valor real do papel- para os títulos recém-adquiridos pelos fundos, deixando o estoque antigo
para depois. Essa proposta teve o apoio de integrantes da Fazenda.
O argumento era que, normalmente, apenas de 10% a 15% da
carteira dos fundos é movimentada no médio prazo. Ou seja, os saques e aplicações estão dentro dessa faixa. Portanto não haveria problema em adotar uma regra de transição que evitasse o susto dos investidores com a desvalorização de suas cotas.
Antes do ajuste, as cotas se valorizavam diariamente segundo a
rentabilidade prevista para os títulos da carteira. Essa valorização,
porém, não levava em conta os
descontos com que esses títulos
eram negociados no mercado.
Em favor do ajuste imediato dos
fundos, o BC teria alegado que a
marcação deveria ser feita segundo as regras internacionais. Assim, a credibilidade do país não seria afetada.
Para os integrantes da Fazenda que acharam viável a proposta dos bancos, a melhor técnica não poderia ter sido levada em conta em um cenário já conturbado.
Também existem críticas em relação à vinculação da venda de LFTs aos contratos de câmbio, que aconteceu em abril.
Ao obrigar o mercado a ficar com as LFTs para obter proteção cambial, o BC teria afetado a liquidez desses títulos, fazendo com que os investidores passassem a exigir mais para ficar com eles.
Outro ponto de divergência foi o momento de implantação do novo Sistema Brasileiro de Pagamentos, que é a compensação bancária em tempo real.
Corretoras e distribuidoras que usavam LFTs para se financiar nos bancos ficaram algum tempo sem negociar porque as grandes instituições passaram a exigir
mais garantias nas operações.
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