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Dilma diz ser vítima de "fogo inimigo'; Tarso Genro a cita como "alvo político"
RENATA GIRALDI
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA
A ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil), acusada de tráfico
de influência na venda da VarigLog, afirmou ontem que foi
"vítima de fogo inimigo".
Em entrevista à rádio Gaúcha, do Rio Grande do Sul, Dilma afirmou que não acredita na
existência de "fogo amigo", mas
não citou nomes.
"Não acredito em fogo amigo.
Acho que, mais uma vez, isso
partiu de fogo inimigo", afirmou a ministra em entrevista
concedida na manhã de ontem,
por telefone, ao programa
"Atualidade".
Dilma negou as acusações
feitas por Denise Abreu, ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Segundo a ministra, sua interferência na venda da VarigLog limitou-se à decretação de
falência do grupo com o objetivo de que a empresa pudesse
ser vendida.
"Existia um grande apelo de
diversos segmentos da sociedade para que a Varig fosse salva.
Realmente ela ia se esfacelar. O
que fizemos foi, através da lei
de falência, garantir a mínima
chance de venda", afirmou a
ministra.
Ao ser questionada sobre o
fato de ter sido alvo de denúncias diferentes nos últimos meses, a partir do dossiê com informações sigilosas do governo
Fernando Henrique Cardoso
(PSDB) e agora com o caso VarigLog, Dilma Rousseff evitou
tratar em detalhes sobre as razões que teriam motivado essas
ações.
Ao comentar o episódio do
dossiê que acabou sendo o
principal tema das discussões
na CPI dos Cartões Corporativos, já concluída, Dilma voltou
a citar que a responsabilidade
pelo vazamento dos dados foi
de José Aparecido Nunes Pires,
ex-secretário de controle interno da Casa Civil.
"No caso do dossiê, o responsável não está na Casa Civil
[Aparecido pediu exoneração
do cargo e foi interpelado pela
CPI no Congresso]. Todo mundo sabe de onde partiu o vazamento desse documento", disse a ministra.
O ministro da Justiça, Tarso
Genro, disse ontem que Dilma
é um "alvo político". Genro disse que as acusações vão de encontro à trajetória da ministra.
"Obsessão"
"Conheço a ministra há mais
de 30 anos, ela é uma pessoa
obsessiva em relação à legalidade. Duvido que ela tenha acolhido, indicado ou orientado
qualquer ato ilegal em relação à
compra da Varig", afirmou.
Questionado sobre o que teria motivado a acusação, que
partiu da ex-diretora da Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil) Denise Abreu, o ministro
disse que "as denúncias fazem
parte do imaginário político do
país".
Ele citou a importância política da chefe da Casa Civil como
uma das causas pelas quais seu
nome tem aparecido envolvido
em escândalos.
"A ministra Dilma, pela competência que tem, por ter sido
indicada para ser gerente do
PAC [Programa de Aceleração
do Crescimento], ela vira alvo
político", disse. "Mas isso que
está acontecendo em relação à
Varig se choca contra toda uma
trajetória de vida", afirmou
Tarso Genro.
Colaborou DENISE MENCHEN ,
da Sucursal do Rio
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