São Paulo, sexta-feira, 07 de julho de 2000


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FHC descarta venda de banco federal até 2002

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que a privatização dos bancos federais não acontecerá no seu mandato, que termina em 2002.
Segundo ele, esse assunto terá de ser debatido pelo próximo governo.
A declaração de FHC foi feita mais uma vez para comentar o estudo encomendado pela equipe econômica para apresentar sugestões sobre o que deve ser feito com os cinco bancos federais: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste do Brasil e BNDES.
Após a divulgação do documento, políticos do PSDB entenderam que ele defendia a privatização dessas instituições e criticaram a equipe econômica.
"Houve uma reação sem ter conhecimento do texto. Mas já houve uma revisão (das críticas)", disse Fernando Henrique.
Ele afirmou que, independentemente do que for decidido no futuro sobre esses bancos, um país como o Brasil não pode ficar sem um agente financeiro federal.

Custos
FHC lembrou que o governo federal não pode deixar de ter um financiamento agrícola e habitacional, destacando ainda o papel do BNDES no financiamento de empresas.
O comentário de FHC foi feito durante café da manhã no Palácio da Alvorada.
Presente ao encontro, o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, disse que o objetivo do estudo é explicitar claramente os custos que esses bancos representam para o Tesouro Nacional para que a sociedade possa tomar uma decisão sobre o seu futuro.
Fernando Henrique aproveitou para afirmar que considera inaceitável que a "sociedade acabe pagando por dívidas de empresários desafortunados ou incompetentes", lembrando que o estudo vai mostrar claramente quais são os problemas que as instituições financeiras têm.
Também presente ao café da manhã, o ministro interino da Fazenda, Amaury Bier, disse que é um exercício de futurologia ficar especulando sobre o que será feito com os bancos.
Segundo ele, tudo dependerá das discussões que estão apenas começando.

Solução para CEF
A tendência da área econômica é propor a privatização dos bancos federais, exceto do BNDES, criando um sistema de financiamentos federais nos setores agrícola, habitacional e de saneamento, por exemplo.
Mesmo que essa seja a conclusão final dos estudos do Ministério da Fazenda, FHC já definiu politicamente que essa medida não será implementada com ele na Presidência.
No curto prazo, o governo federal terá de discutir uma solução para a Caixa Econômica Federal.
Se fosse seguir as normas fixadas pelo Banco Central, a instituição teria de provisionar créditos de R$ 10,6 bilhões, conforme o balanço de janeiro a maio deste ano.
Armínio Fraga afirmou que, "se for necessário algum aporte de capital, o governo tomará a decisão no momento adequado". Mas o presidente do BC não quis estabelecer prazos para solucionar o problema da CEF.
(VC)


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