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São Paulo, segunda-feira, 07 de julho de 2003

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FOLHA INVEST

Inflação engole rendimentos, e retorno real dos fundos DI é de 3,75%; poupança fica negativa em 1,89%

Aplicações têm pior 1º semestre desde 95

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A inflação, que apenas em junho deu sinais de estar em queda, castigou os investidores nos primeiros seis meses deste ano. Resultado: as principais aplicações financeiras tiveram a pior rentabilidade real (já descontada a taxa de inflação) para o período pelo menos desde 1995.
Apesar dos juros elevados (a taxa básica está em 26% ao ano), os fundos DI e de renda fixa -que concentram metade do patrimônio dos fundos- tiveram, no primeiro semestre, retorno real menor que o dos últimos anos (veja quadro acima).
Levantamento da Global Invest mostra que, no primeiro semestre de 99, por exemplo, o ganho real (descontado o índice de inflação medido pelo IPCA) dos fundos DI encostou em 10%. Neste primeiro semestre, ficou em 3,75%.
O IPCA é o índice que baliza o sistema de metas de inflação.
Quem tem sofrido o efeito direto da baixa rentabilidade é a caderneta de poupança (variação real negativa de 1,89% no ano). "O movimento de saques da poupança reflete o desempenho ruim que vem tendo", diz Christiani Reinaldim, analista-chefe da Global Invest. Os saques feitos no primeiro semestre nas cadernetas de poupança superaram os depósitos em R$ 10,5 bilhões, segundo dados do Banco Central.

Futuro
Apesar de os fundos DI e de renda fixa terem rendido menos nos primeiros meses deste ano, os investidores seguem colocando recursos nessas aplicações. Analistas avaliam que saques nesses fundos não ocorreram, como na caderneta de poupança, porque os últimos índices de preços já apresentaram deflação. Ou seja, os ganhos reais têm tudo para crescerem daqui para frente, mesmo com a expectativa de redução das taxas de juros.
Dados da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento) mostram que os fundos de renda fixa têm captação líquida -a diferença entre os saques e os resgates em determinado período- de R$ 8,2 bilhões no ano. Os fundos DI registram no ano captação positiva de R$ 4,8 bilhões.

Dias melhores
"A inflação foi muito forte nos primeiros meses do ano. Quem teve paciência, vai ver seus ganhos reais aumentando aos poucos daqui para frente", afirma José Alberto Tovar, sócio-diretor da Arx Capital Management.
No semestre, a inflação acumulada é de cerca de 5,3%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor.
A taxa básica de juros da economia (Selic), que serve de parâmetro para aplicações como os fundos DI, está atualmente em 26% ao ano. As projeções do mercado futuro são que as taxas de juros seguirão em queda nos próximos meses. O contrato DI com prazo em janeiro do próximo ano fechou na sexta-feira na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) projetando taxa de 22,29% anuais, o que demonstra as apostas em redução dos juros.
"Mesmo com a expectativa de queda da Selic neste segundo semestre, a projeção de ganho real para os fundos de renda fixa segue elevada para os próximos meses. Com isso, devemos ver seguir a migração de recursos da poupança para aplicações mais rentáveis", afirma Renato Ramos, diretor de renda fixa do HSBC Asset Management.

Decepção
A maior decepção do semestre ficou com os fundos cambiais. Depois de serem a coqueluche do ano passado, impulsionados pela disparada do dólar, os fundos cambiais sofrerem duramente nos últimos meses.
Com ganho real negativo médio em torno de 14,5% no primeiro semestre, os fundos cambiais acumulam, em um ano, captação líquida negativa de R$ 3,3 bilhões. O patrimônio líquido dos cambiais atualmente está em R$ 6,4 bilhões.
"Acredito que entre este mês e agosto os fundos cambiais vão dar um retorno positivo para quem decidir apostar neles. O dólar deve sofrer pressão nas próximas semanas, favorecendo os ganhos dessas aplicações", diz Reinaldim.
Os fundos de investimento tomaram um tombo recorde no ano passado. Os saques superaram as aplicações em mais de R$ 60 bilhões durante 2002.
Neste ano, passado o trauma da marcação a mercado -que engoliu os ganhos dos fundos, principalmente em junho do ano passado- os investidores voltaram a aplicar dinheiro nos fundos de renda fixa e DI.
No ano, a captação líquida dos fundos de investimento está positiva em R$ 26 bilhões. Isso fez o patrimônio total dos fundos chegar ao fim de junho com R$ 407,4 bilhões -incluídos os rendimentos acumulados no período e que foram incorporados aos saldos.


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