São Paulo, sábado, 07 de julho de 2007

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IPCA sobe 2,08% no primeiro semestre

Pressionada pelo grupo de alimentos e bebidas, inflação avança em um ritmo superior ao aumento de preços de 2006

Só o preço do leite cresceu 24,92% de janeiro a junho, o maior impacto no índice que mede a inflação oficial; em 2006, o produto subiu 3,4%

CLARICE SPITZ
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

Pressionada pela forte alta dos alimentos (3,93%), a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), índice oficial de preços, fechou o primeiro semestre deste ano em 2,08%, variação maior do que à registrada no mesmo período de 2006 -1,54%.
A alta do grupo alimentação e bebidas foi mais que três vezes superior à computada durante todo o ano passado: 1,23%. Só o preço do leite cresceu 24,92% de janeiro a junho, o maior impacto no índice. Em 2006, o produto subiu 3,4%.
Em junho, o IPCA ficou estável em 0,28%, mesma variação de maio. Ficou, porém, acima das estimativas de analistas do mercado financeiro, divulgadas no boletim Focus do Banco Central (0,23%). Nos últimos 12 meses, a inflação chega a 3,69%.
Segundo Eulina Nunes dos Santos, chefe da Coordenação de Preços do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a valorização dos preços do leite no mercado internacional, fruto da quebra da produção em países como Austrália e Nova Zelândia, está por trás dos aumentos do preço do produto. Juntos, os dois países respondem por cerca da metade das exportações de leite e derivados.
"Além da opção dos produtores brasileiros de exportar e conseguirem maiores rendimentos, os preços no mercado interno também estão crescendo", afirmou.
A alta da alimentação nos primeiros seis meses de 2007, diz, foi influenciada também pelas chuvas no início do ano. "Se não fosse o benefício do dólar, a taxa de alimentos deveria ser ainda mais alta, apesar da expectativa de safra recorde de 135 milhões de toneladas neste ano", acrescentou.
Em junho, a maior contribuição individual para o IPCA também veio do leite pasteurizado, com alta de 12,4% e impacto de 0,11 ponto percentual no índice. Na esteira, aumentaram os preços dos derivados: leite em pó (3,45%), queijos (2,77%), leite condensado (2,74%) e creme de leite (1,61%.)
Segundo Luis Suzigan, economista-chefe da LCA, o fato de a inflação de junho ser muito concentrada não causa temores. "O preço de alimentos é resultado de um choque de oferta no mercado internacional de leite e trigo, que estão vinculados ao mesmo problema climático na Austrália. A tendência é que isso se normalize e haja uma diluição dessa pressão. Não vejo risco de inflação de curto e médio prazo."
Ainda no grupo de alimentos, o feijão carioca subiu 15,73%, em razão da geada no Paraná, grande produtor de feijão, e os ovos avançaram 4,93%. Além disso, artigos de vestuário subiram 0,91% e os salários de empregados domésticos, 1,11%.
Por outro lado, o preço dos combustíveis caiu 1,69%. O álcool cedeu 2,35% com a maior produção de cana-de-açúcar. Já a gasolina (que tem um percentual de álcool em sua composição) recuou 0,77%.
Segundo Nunes dos Santos, os preços do leite devem continuar pressionando a inflação em julho. Para a economista Renata Machado da MB Associados, a alta dos preços do leite é temporária e também não chega a assustar. "Basicamente é um movimento temporário, que deve continuar pressionando nos próximos meses, mas não assusta", afirmou.
A migração do sistema de pulso para minutos na telefonia fixa também deve influenciar os preços em julho. Já a queda de 12,66% da tarifa de energia elétrica em São Paulo deve influenciar o resultado do IPCA para baixo.


Colaborou IVONE PORTES , da Folha Online


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