São Paulo, Quarta-feira, 07 de Julho de 1999
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Diretor-geral da OMC pode ficar só 2 anos

da Sucursal de Brasília

O Brasil ainda não tomou conhecimento oficial da proposta que circula informalmente entre diplomatas para tentar resolver o impasse sobre a escolha do novo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Há nove semanas sem liderança e a 15 semanas do encontro em Seattle (EUA) para lançar as negociações chamadas de Rodada do Milênio (que resultarão num novo acordo mundial de comércio), a OMC balança entre o neozelandês Mike Moore e o paquistanês Supachai Panitchpakdi.
A fórmula que se debate nos corredores da OMC, em Genebra (Suíça), é dividir o mandato de quatro anos em dois, de modo que ninguém venha a se considerar derrotado no processo.
Por tradição, a OMC só delibera assuntos dessa importância por consenso, embora seu Acordo Constitutivo permita votação em que a maioria prevaleça.
Moore, que tem o apoio dos EUA, metade da União Européia e boa parte da América Latina, parece contar com a maioria (cerca de 80 entre os 135 membros da OMC). Mas trata-se de maioria frágil, já que boa parte dela é formada por países que não patrocinaram originalmente a candidatura do neozelandês.

Indisposição
Panitchpakdi, que conta com o suporte de Japão, Austrália, Brasil, Índia, a maioria dos países asiáticos e boa parte dos europeus, não demonstra disposição de desistir em favor de Moore.
Os Estados Unidos vetaram outras idéias, como a de uma votação informal, com o compromisso do derrotado passar a apoiar o vencedor.
A alternativa "terceiros nomes" também não tem prosperado. A maioria dos participantes acha que o lançamento de novos candidatos só os queimará.
Daí, a possibilidade de repartir o mandato entre os dois aspirantes. Há problemas estatutários, provavelmente resolvíveis.

Obstáculos
Mais do que isso, há obstáculos políticos. Entre os quais, resolver quem comandará antes a OMC.
Não é uma questão menor. No decorrer dos quatro anos do mandato, a Rodada do Milênio deverá começar e se encerrar.
O que é mais importante: dar início ao processo ou terminá-lo? Nos oito anos da Rodada Uruguai, que resultou na criação da OMC, o então Gatt (Acordo Geral de Tarifas e Comércio) contou com dois diretores-gerais: o suíço Arthur Dunkel e o inglês Peter Sutherland. (CELS)


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