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SOCORRO
Para montadoras, especulação sobre pacote teria paralisado mercado; dados revelam aumento de 13,5% em julho
Anfavea critica governo, mas venda cresce
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de terem arrancado um
pacote com redução de alíquota
do IPI (Imposto sobre Produtos
Industrializados), as montadoras
não pouparam, por meio de sua
associação, críticas ao governo.
Leia-se ao ministro Guido Mantega (Planejamento), por "declarações antecipadas" de que haveria
acordo favorecendo o setor.
As declarações de Mantega teriam provocado a paralisação no
mercado, ao estabelecer nos consumidores a expectativa de redução nos preços.
Mas, ao contrário do apregoado
pela associação das montadoras,
as vendas de veículos em julho
não apenas não mantiveram trajetória de queda como foram
13,5% maiores do que as registradas em junho. Os números foram
divulgados pela própria Anfavea.
No mês passado foram licenciados 113,7 mil novos veículos, ante
as 100,1 mil unidades em junho.
No ano, o número de veículos novos comercializados soma 761,3
mil unidades, 8,3% a menos que
de janeiro a julho de 2002.
"Toda declaração antecipando
pacote que não se confirmaria
dias depois prejudicou as vendas", disse o presidente da Anfavea, Ricardo Carvalho, sem citar
nominalmente o ministro. "Foram declarações inconsequentes
que nos levaram a essa situação
[de supostas vendas menores]."
Ao longo da última semana, ao
menos duas vezes Mantega ratificou em público que o governo estudava medidas para estimular o
setor. Antes de Mantega, Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento)
dissera que "medidas emergenciais" ajudariam as montadoras a
desovar os estoques.
Procurada pela Folha, a assessoria do ministro Mantega não se
pronunciou sobre as críticas.
O volume de veículos comercializados em julho foi o segundo
maior do ano, atrás somente de
fevereiro, quando as vendas totalizaram 117,9 mil unidades.
A explicação dada pela Anfavea
para o descompasso se baseia em
um aspecto: no mês passado houve mais dias úteis que em junho
(23 dias contra 20). Outro argumento usado pelas montadoras
para justificar o discurso pessimista é o nível de estoques. De
acordo com a Anfavea, em julho
as fábricas e as concessionárias
mantinham em seus pátios o
equivalente a 44 dias de produção. Em junho, eram 49.
A Anfavea decidiu não rever a
previsão de vendas no mercado
interno neste ano - 1,4 milhão.
Sem o pacote, o número cairia para 1,3 milhão.
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