Montadoras registram novo recorde em 7 meses

KAREN CAMACHO
DA FOLHA ONLINE

A produção de veículos registrou novo recorde nos primeiros sete meses do ano, informou a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). As vendas domésticas também tiveram bom desempenho. As exportações caíram em julho, depois de alta em junho.
Foram fabricados 320 mil veículos em julho, alta de 19,8% na comparação com o mesmo mês de 2007 e de 3,5% em relação a junho deste ano. No acumulado do ano, a produção alcançou 2,01 milhões de unidades, alta de 21,8% ante igual período do ano passado.
As vendas no mercado doméstico, que impulsionam a produção nas fábricas, foram de 288 mil no mês passado, alta de 32,6% em relação ao mesmo período de 2007 e de 12,6% ante junho deste ano.
Nos sete primeiros meses do ano os licenciamentos alcançaram 1,7 milhão de unidades, aumento de 30,4% na comparação com o mesmo intervalo de 2007, que já havia sido recorde.
Segundo Jackson Schneider, presidente da Anfavea, "a expansão do crédito e a inadimplência sob controle explicam o superaquecimento do mercado interno". Os juros, no entanto, podem inibir o mercado nos próximos meses. A taxa anual passou de 19,4% para 21,3% de junho de 2007 para junho deste ano, ainda sem os efeitos da mais recente elevação da taxa Selic pelo Banco Central.
Schneider citou ainda dado da FGV (Fundação Getulio Vargas) divulgado nesta semana de que a classe média no Brasil nos últimos anos responde por mais da metade da PEA (população economicamente ativa). São "potenciais consumidores", afirmou.
Para os próximos meses, no entanto, além do aumento dos juros, a forte base de comparação deve provocar uma desaceleração nos índices de crescimento. "Nem poderia crescer a um ritmo de 30% nos próximos meses, porque os números de 2007 foram muito expressivos e seria exigir muito de uma cadeia muito complexa. O crescimento mais cadenciado é bom para as montadoras e para a cadeia de suprimentos porque os investimentos no setor dependem de tempo para maturar."
As exportações em julho renderam US$ 1,231 bilhão, queda de 3,8% na comparação com junho e de 2,9% em relação a julho de 2007. No acumulado do ano, somaram US$ 8,118 bilhões, alta de 9,5% ante o mesmo intervalo de 2007.
Em unidades, no entanto, a Anfavea registrou queda das vendas externas de 3,7% no acumulado do ano, de 804 mil para 774 mil unidades. O declínio é compensado pelo ajuste de preço e pela venda de veículos de maior valor agregado.
Para os próximos meses, a previsão da Anfavea é de contínua queda em volume, especialmente pela redução de embarques para Venezuela, México e EUA. Segundo Schneider, a diminuição de encomendas por parte de alguns países da Europa deve acentuar a queda.
Para ampliar os negócios, mesmo sem sucesso na Rodada Doha, o Brasil dever buscar acordos bilaterais, segundo a Anfavea. Na lista de prioridade, estão países da América do Sul, África do Sul, Nigéria, Egito e a região do golfo Pérsico.

Ranking mundial
O Brasil passou a França no ranking mundial no primeiro semestre deste ano e alcançou o sexto lugar, com 1,69 milhão de unidades, segundo a Anfavea. O Japão manteve a liderança, com 6,06 milhões de automóveis, seguido pela China (5,2 milhões), que ultrapassou os EUA (4,89 milhões).


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